domingo, 23 de janeiro de 2011

Portão da Quinta do Crasto


Quem percorre a Estrada Nacional 101 de Monção para Valença, quase na divisória dos dois concelhos e das freguesias vizinhas de Lapela e Friestas, depara-se subitamente com uma imponente frontaria de granito que tem desafiado o decurso dos séculos. É o celebrado portão da Quinta do Crasto, ou de Castro. A grandiosidade do portão contrasta com o resto da propriedade que terá pertencido à aristocrática família  Pimenta de Castro.
À escassez de informação credível sobre a misteriosa quinta, contrapõe-se a lenda e a sabedoria popular consubstanciada em duas narrativas que, como todas as lendas, enfermam de escassa credibilidade. A primeira é que na freguesia vizinha de Gondomil, dois homens envolveram-se numa contenda por causa dos marcos que dividiam as respectivas propriedades.À boa maneira do norte, o homem que se considerava roubado, puxou da enxada e desferiu um golpe na cabeça do vizinho, matando-o. Entretanto foram chamados os guardas da Rainha para prender o homicida. Este, conhecedor dos direitos e privilégios do Portão da Quinta do Crasto, fugiu e dirigiu-se para ali perseguido pelos guardas e pela população. Chegando lá, agarrou-se ao portal conseguindo eximir-se à justiça porquanto, todos aqueles que se protegessem junto do portal expiavam os crimes cometidos.
A segunda reza que, perante a ameaça das tropas napoleónicas que invadiram Portugal pelo Norte, os proprietários da nobre Quinta reuniram todo o dinheiro e jóias que possuíam e entregaram o fabuloso tesouro a um fiel criado incumbindo-o de o colocar em segurança. O criado apareceu mais tarde morto mas do tesouro nunca mais se soube, o que leva a considerar duas hipóteses: uma que teria o fiel servo escondido o tesouro em local seguro e levado o segredo do seu esconderijo para a eternidade, outra que aponta a possibilidade de ter sido morto e roubado pelos invasores.

N. B. - Este texto é da autoria de Boaventura Eira-Velha, do blogue "Memórias".

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