quinta-feira, 30 de abril de 2009

Capela São Frutuoso de Montélios (Braga)


A pequena capela de São Frutuoso de Montélios deve a sua existência a São Frutuoso, bispo de Dume e Braga durante a época visigótica, que aqui escolheu ser sepultado no século VI. À sua volta existia um conjunto monástico bem maior, centro religioso da região neste período, mas que terá sucumbido muito provavelmente no início do século XVI quando se procederam às obras de reedificação do Mosteiro por parte dos franciscanos.
Único elemento de todo esse conjunto original que chegou até aos nossos dias, a Capela de São Frutuoso constitui um testemunho ímpar da Alta Idade Média em território português. O seu interior pode-se considerar como um verdadeiro exemplar da arquitectura islâmica. A primitiva edificação de época visigótica seguiu um modelo orientalizante (ravenaico-bizantino), vigente na capital do reino, Toledo: planta em cruz grega; exterior decorado com arcos cegos, alternadamente de volta perfeita e em mitra; torre quadrangular sobre o cruzeiro, com cobertura em quatro águas. É considerado o edifício mais bizantino de toda a Península Ibérica.



Acessos: EN 201, saída de Braga em direcção a Ponte de Lima; a capela está localizada em São Jerónimo de Real, Lugar de Montélios.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mosteiro Flor da Rosa (Crato)


Fundado no século XIV pelo prior D. Álvaro Gonçalves Pereira (cujo túmulo jaz no interior da igreja), o complexo é composto por três edificações distintas, que se interpenetraram ao longo do tempo: paço acastelado gótico, ampliado na centúria de quinhentos, que lhe conferiu o prospecto actual renascentista e mudéjar; igreja-fortaleza gótica e manuelina, de nave única de grande altura e largo transepto e cabeceira pouco profunda; e dependências conventuais renascentistas e mudéjares.
A Pousada Flor da Rosa, hoje hotel de luxo, soube potenciar ao máximo as características mais genuínas do monumento e pode considerar-se como uma intervenção arquitectónica brilhante que, para além de ser moderna, soube respeitar integralmente as suas orígens. O arquitecto Carrilho da Graça foi o responsável pelo projecto.
Em 1340, verificou-se a mudança da sede da Ordem do Hospital, de Leça do Balio, ou de Belver, para o Crato. Data do ano seguinte um documento que prova a intenção de D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior da ordem, fundar uma capela no termo do Crato.
A partir do século XVI a Ordem do Hospital passou a denominar-se Ordem de Malta, nome que ainda hoje conserva.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pateira de Fermentelos (Águeda)


A Pateira de Fermentelos é uma lagoa natural, localizada no triângulo Águeda, Aveiro, Oliveira do Bairro, antes da confluência do Rio Cértima com o Rio Águeda, pertencendo na sua parte Sul ao Concelho de Águeda (freguesias de Ois da Ribeira, Espinhel e Fermentelos).
Considerada uma zona húmida de elevada riqueza ecológica, a Pateira de Fermentelos desde cedo se tornou um sistema em que as actividades humanas se integravam perfeitamente na sua dinâmica, permitindo assim a manutenção da lagoa. A prática de uma agricultura drenante e a recolha constante do moliço (para posterior utilização como adubo natural), permitiu a manutenção de uma significativa superfície livre de água e impediu o avanço do pântano. Este equilíbrio, entre a actividade agrícola e a recolha do moliço, conduziu a uma paisagem humanizada de elevada organização e diversidade, na qual a lagoa atingia a sua maior dimensão.
As suas margens são de grande beleza paisagística. Devido à quase nula apanha do moliço e aos detritos arrastados pelas águas que a alimentam, entrou em acelerado processo de assoreamento, emergindo já alguns cabeços e ínsuas cobertas de vegetação. O seu nome - Pateira - vem da regular presença de enormes bandos de patos-bravos, durante as migrações periódicas destas aves.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Aldeia típica de José Franco (Ericeira)



Homenagem

No Sobreiro, meio caminho entre Mafra e Ericeira, José Franco recupera os usos e os costumes das gentes do concelho. Paragem obrigatória numa das “aldeias” mais famosas do mundo - saloia, do início do século XX.
Sete décadas a trabalhar o barro, José Franco não se coibiu de fazer renascer a sua velha sala de aulas, com as pequenas mesas em madeira, o imponente armário da professora, a ardósia; na loja do barbeiro-dentista um freguês submete-se a um corte de barba, na mercearia a Ti Helena serve um copo de vinho… ambientes a convidarem a viagens no tempo. Retratou cenas da vida quotidiana e profissões da época protagonizadas por bonecos mecanizados.
Afastado de aldeia por motivos pessoais e familiares, José Franco realizou algumas das suas últimas peças no lar onde vivia. O mestre tinha um grande sonho que era criar uma escola de formação para crianças e jovens do Sobreiro. O outro desejo era criar uma fundação que preservasse o seu espólio mas a família era contra.
Faleceu com 89 anos devido a complicações na sequência de uma queda que levou ao seu internamento no hospital.
Segundo Jorge Amado, "um português que nasceu com o dom misterioso da beleza e a distribui como um bem de todos". Um bem haja...

Ver artigo de opinião: "O artista do barro"

domingo, 12 de abril de 2009

Lindoso (Ponte da Barca)



O lugar estratégico que é Lindoso, esteve sempre relacionado com a defesa de passagem pela portela da Serra Amarela e pelo Vale do Cabril, e respondendo no princípio da formação de Portugal, à concepção de uma cintura defensiva ao longo da raia confinante com o reino vizinho.
Prova desta importância histórica e militar é o seu imponente Castelo, fundado nos inícios do Séc. XIII e classificado monumento nacional, hoje um interessante espaço museológico.
O soberano rei D. Dinis gostou tanto do castelo pela primeira vez que lá se deslocou, que repetiu a visita mais algumas vezes. Diz a lenda: "Tão alegre e primoroso o achou, que logo Lindoso se chamou".

A aldeia é composta por típicas casas antigas de granito, subsistindo ainda em algumas instalações agrícolas a pitoresca cobertura de colmo. Junto ao Castelo de Lindoso existe uma eira composta por 50 espigueiros dos séc. XVII e XVIII, apresentando um aglomerado único no país e de rara beleza. Inteiramente de pedra, cada exemplar apoia-se em vários pilares curtos, assentes na rocha e encimados por mós ou mesas. Sobre eles, repousa o espigueiro que tem uma cobertura de duas lajes de granito unidas num ângulo obtuso, ornamentado nos vértices com cruzes protectoras, que também servem para arejar o espigueiro. Alguns dos espigueiros têm dois andares.

A Citânia de Cidadelhe situa-se a 100 metros do lugar de Cidadelhe. Tratam-se de vestígios arqueológicos de uma citânia situada numa plataforma sobre o Rio Lima. Historiadores situam aqui a cidade romana de Bretalvão ou Flávia Lambria.

Vilarinho das Furnas (Terras de Bouro)


Foto gentilmente cedida por Homem ao Mar



Vilarinho das Furnas era uma pequena aldeia da freguesia de S. João do Campo, situada no extremo nordeste do concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga, na Peneda-Gerês, vizinha de Espanha.
A sua origem perde-se na bruma dos tempos. Segundo uma tradição oral, contada pelos mais antigos, teria começado a sua existência por ocasião da abertura da célebre estrada da Geira, que de Braga se dirigia a Astorga, num percurso de 240 Km, e daqui a Roma. Teve foral em 1218. As difíceis condições da sua subsistência levaram a uma intensa vida comunitária.
À data da sua morte, em 1972, devido à construção da barragem, ainda havia o forno comum e as vezeiras ou pastoreio comum. Mas subsistiam outras práticas, como a assembleia de vizinhos.
Nos anos de maior seca, quando se esvazia a albufeira, é possível visitar as ruínas da aldeia submersa, cuja memória ficou perpetuada através do Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Vilarinho de Negrões (Montalegre)

Foto gentilmente cedida por Ricardo Alves

Na margem sul da Albufeira do Alto Rabagão encontra-se Vilarinho de Negrões, uma das aldeias mais pitorescas de toda a região, pelo seu casario ainda relativamente preservado e, acima de tudo, por se encontrar sobre uma estreita e bela península - um pedacinho de terra poupado à subida das águas. Vilarinho é assim uma terra que se vê diariamente ao espelho e se distingue à distância pela sua perfeita simetria, uma espécie de Jardim do Éden português.
Perto, situa-se a freguesia de Negrões, alma gémea, que possui um forno todo em granito. É um monumento a contrastar com canastros esguios, onde o milho e o centeio se conservam.
Prepare-se, a região do Barroso é diferente de tudo aquilo que alguma vez já viu!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Castro Laboreiro (Melgaço)


A freguesia de Castro Laboreiro, localizada no planalto com o mesmo nome, em plena serra, numa extensa área dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês, dista vinte e cinco quilómetros da sede do concelho.
O seu nome vem de duas palavras Castrum: Castro – povoação fortificada pelo povo castrejo, de raça celta, que, depois do seu nomadismo durante milhares de anos nos planaltos, vivendo da caça e da pesca, e depois do pastoreio, se fixou nos outeiros para ali viver em comunidade e se defender das tribos invasoras, desde quinhentos anos antes de Cristo até ao século VI da era cristã. Laboreiro – do Latim “Lepus”, leporis, leporem, leporarium, lepporeiro, leboreiro.”
O castelo de Castro Laboreiro, está construído no alto de um monte, a 1 033 metros acima do nível do mar, com difícil acesso, numa região que tem vestígios da ocupação humana desde a pré-história.
O rio Laboreiro ajuda também à composição de todo um conjunto de extraordinária beleza, serpenteando serra abaixo, até se juntar ao rio Lima. Ligando as suas margens, permanecem as pontes que as várias civilizações que por aqui passaram foram construindo ao longo dos tempos.
Castro Laboreiro foi vila e sede de concelho desde 1271 até 1855. Teve tribunal, paços do concelho e cadeia, bem como alcaide e governador do castelo.
Tratando-se de uma raça pura, dócil e altiva, os mundialmente famosos cães de Castro Laboreiro são, desde o século VIII, motivo de orgulho do seu povo. É uma raça mastim de grande porte, nativa desta região montanhosa.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mosteiro de Pitões das Júnias (Montalegre)



Mosteiro de Pitões das Júnias ou de Santa Maria de Júnias, fica entalado num vale, por onde corre o rio Campesinho. Não tem data definida para a sua fundação, mas presume-se que se situe no final do século IX, quando eremitas se estabeleceram nesta região, vindo depois a organizarem-se em comunidades.
Durante a Guerra da Restauração da independência portuguesa, depois de 1640, um ataque do exército espanhol à aldeia de Pitões, terminou com um incêndio que deixou o mosteiro em ruínas, com excepção da igreja. O convento viria a ser recuperado e já no século XVIII, há informação que dá conta de obras importantes na zona conventual, todavia com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o convento é abandonado e alguns anos depois deflagra um incêndio que apenas deixa a igreja de pé.
Deste pequeno convento, restam as paredes dos principais compartimentos a algumas arcadas do claustro, a igreja tem ainda o telhado, mas apresenta um aspecto de abandono, apesar de já terem sido feitas obras pela Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais.
Chega-se ao mosteiro por um caminho de pé posto, a partir do cemitério de Pitões.