Foto de Manuel Carreiro
Construída no século XIV (1345), a igreja do convento de Corpus Christi de Gaia, de religiosas dominicanas, conheceu uma degradação gradual provocada pelas constantes cheias do rio Douro, o que originou a edificação de um novo templo, desenhado pelo Padre Pantaleão da Rocha de Magalhães, na segunda metade do século XVII . Este arquitecto foi responsável por várias obras no Porto e arredores, a primeira das quais o Corpus Christi.
A nova igreja das dominicanas de Gaia, de planta centralizada octogonal (com capela-mor rectangular e profunda, e dois coros sobrepostos, do lado oposto), repete o modelo do templo lisboeta do convento do Bom Sucesso de Belém, concluído em 1670 e pertencente à mesma ordem. Esta opção planimétrica integra Corpus Christi no conjunto de igrejas de planta centralizada que tomaram um modelo "quase" abandonado desde a primeira metade do século XV e que conheceu grande fortuna a partir de 1640, principalmente nas obras directamente relacionadas com o círculo da Rainha D. Luísa de Gusmão. No interior, destaque para o cadeiral do coro em talha, que remonta à segunda metade de Seiscentos, onde sobressai a expressividade de determinadas máscaras e animais. A pintura e a imaginária que decoram a igreja (tecto do coro alto, espaldar do cadeiral e retábulos), apresentam uma iconografia que se enquadra nas temáticas da Ordem. O tecto é dividido por 49 caixões que referem santos, sendo que 15 painéis centrais são alusivos à vida de Jesus.
Há mais de três décadas que o Convento Corpus Christi estava degradado. No entanto, em 2003, a Autarquia, liderada por Luís Filipe Menezes, consegue adquirir o edifício, procedendo de imediato a obras de requalificação com um custo total na ordem dos 775 mil euros (498.512,50 euros de comparticipação comunitária). A intervenção que incidiu, sobretudo, na recuperação do telhado, tecto e coro alto da capela do convento Corpus Christi, deixou a olho nu um número vasto de peças de arte sacra de valor singular - como uma escultura de um cristo crucificado, datado do século XIV - e um espaço "intimista" que a partir de agora não será mais utilizado para o culto, mas antes para acontecerem exposições e colóquios ou simples visitas guiadas. Uma nova vida começa no espaço cultural que receberá, no Verão de 2010, espólio da Ordem de Malta. Destaque ainda para a existência de uma antiquíssima estátua de S. Domingos e uma fonte seiscentista.
Localização e horários:
Situado na margem esquerda do rio Douro, junto ao Cais de Vila Nova de Gaia, no Largo de Aljubarrota, nº 13.
Terça a Domingo: 10h00-18h00
Encerra ao público: segunda-feira e feriados nacionais de 1 de Janeiro, 1 de Maio e 25 de Dezembro.