Longe dos carnavais "abrasileirados" pelas telenovelas e perto das tradições portuguesas, Cabanas de Viriato ( terra desse magnífico grande vulto chamado Aristides de Sousa Mendes, o "Justo entra as Nações", ex-cônsul de Portugal em Bordéus que salvou milhares de judeus do jugo nazi) atrai milhares de forasteiros de todo o país que se fantasiam e dão um colorido invejável à vila durante três dias.
O verdadeiro nome da folia é "Dança Grande", mas os forasteiros mudaram-lhe o título, porque, "quando há variações de ritmo, as pessoas vão ao centro e chocam de rabo". A "tradição genuinamente nacional" sobrevive desde 1865. Domingo de Carnaval é reservado para as crianças que conta com a participação de todas as escolas do concelho. Segunda e Terça-feira, é para todas as idades, todos quantos queiram participar, na famosa Dança dos Cus: ao som da Valsa de Carnaval tocada pela banda da Sociedade Filarmónica, alinhados em duas filas, os foliões vão dançando pelas ruas da vila, batendo com os traseiros nos dos vizinhos do lado quando há uma variação do ritmo. A sua forma tão “desorganizada”, espontânea, natural, onde todos podem participar livremente, é de facto cativante, imperdivel.
"Zambombadas", uma sonora designação para não menos barulhentas sessões de bombos, fortemente percutidos durante a noite, e que começam a percorrer a vila e a anunciar o Carnaval com 15 dias de antecedência. De domingo a terça feira, nas horas deixadas livres pela dança dos cus, ouvem-se as "entrudadas", sessões de declamação de quadras populares, ditas ao ritmo dos bombos, denunciando segredos da vila. "Ouve-se então o que toda a gente já sabe, mas que algumas pessoas queriam manter em segredo".