quinta-feira, 2 de julho de 2009

Alcofra (Vouzela)



Situada na vertente norte da Serra do Caramulo, Alcofra é uma terra deslumbrante, em parte graças aos rododendros, espécie botânica de grande beleza, que entre Maio e Junho, lhe dão um magnífico colorido. O rio Alcofra sulca as suas terras, tornando-as férteis para a prática da agricultura, sendo a agro-pecuária a actividade base para a economia local.

O povoamento de Alcofra é muito remoto, não só anterior às primeiras informações documentadas, dos séculos XII e XIII, mas de épocas pré-romanas, visto que nas imediações e nas altas montanhas que circundam as várias povoações da freguesia, não faltavam fortificações castrejas. O próprio topónimo, Alcofra, indica presença árabe na região; existem duas versões para o seu significado: a primeira será “all” que significa “os”, seguido do substantivo “cafres” que significa “infiéis”, referindo-se provavelmente aos árabes que aqui passaram e que terão chamado aos habitantes da zona, infiéis, por estes serem cristãos e não aderirem ao maometismo; a segunda versão é talvez a mais lógica, pois a palavra “alcofra” existe no vocabulário árabe, e significa “algo côncavo, como uma cesta ou uma bacia” e Alcofra tem estas características, pois tem a forma de uma bacia, cercada de montes por todo o lado.

Situada em Cabo de Vila, Alcofra, é, das três torres, a que se encontra em melhor estado de conservação, o que se deve em parte à intervenção recente de que foi alvo pela Câmara Municipal de Vouzela e pelo facto de ser a construção mais tardia. A sua construção deve datar entre os séculos XIV e XV. Este tipo de construção erguia-se em locais férteis, ricos em água, em zonas de aluvião, geralmente de fácil acesso. A Torre Medieval de Alcofra insere-se nesse quadro. Implantada num vale, a torre goza de uma vista privilegiada sobre os campos de cultivo.
O acesso ao interior da Torre fazia-se por uma escada movível que alcançava a porta, situada na face sul, no primeiro andar. A preocupação defensiva, inerente a tal dificuldade, é sublinhado pelo facto de no rés do chão apenas existirem umas frestas verticais muito estreitas para arejamento do interior.
Segundo a lenda, esta torre possui um túnel que vai até ao Monte Gralheiro e que terá acoitado os soldados cristãos em luta contra os mouros.