A Festa das Fogaceiras teve origem num voto ao mártir S. Sebastião, em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que dizimou parte da população. Em troca de protecção, o povo prometeu ao santo a oferta de um pão doce chamado fogaça. S. Sebastião, que segundo a lenda padeceu de todos os sofrimentos aquando do seu martírio em nome da fé cristã, tornou-se, assim, o santo padroeiro de todo o condado da Feira. No cumprimento do voto, os ofertantes incorporavam-se numa procissão que saía do Paço dos Condes e seguia pela Igreja do Convento do Espírito Santo (Lóios), onde eram benzidas as fogaças, divididas em fatias, posteriormente repartidas pelo povo. Assim nasceu a Festa das Fogaceiras, chegando até aos nossos dias com dois traços essenciais: a realização da missa solene, com sermão, precedida da bênção das fogaças, celebrada na Igreja Matriz, e a procissão, que sai da Igreja Matriz, percorrendo algumas ruas da cidade.
Com a proclamação da República, acrescentou-se um novo ritual: a formação de um cortejo cívico, a partir dos Paços do Concelho rumo à Igreja Matriz, antes da missa solene, que integra as meninas “fogaceiras”, que levam as fogaças à cabeça, bem como as autoridades políticas, administrativas, judiciais e militares e personalidades de relevo na vida municipal.
A procissão festiva realiza-se a meio da tarde e congrega símbolos religiosos, com destaque para o mártir S. Sebastião, bem como uma representação civil, com símbolos autárquicos, económicos, sociais e culturais de cada uma das 31 freguesias do concelho, numa curiosa mistura entre o civil e o religioso.
No cortejo e procissão as atenções recaem, naturalmente, sobre as fogaceiras, segundo a tradição “crianças impúberes”, provenientes de todo o concelho, vestidas e calçadas de branco, cintadas com faixas coloridas, que levam à cabeça as fogaças do voto, coroadas de papel de prata de diferentes cores, recortado com perfis do castelo.
Inicialmente, as “fogaças do voto” eram distribuídas pela população em geral, depois pelos pobres e mais tarde pelos presos, pobres e personalidades concelhias, em fatias chamadas “mandados”. Actualmente, são entregues às autoridades religiosas, políticas e militares que têm jurisdição sobre o município de Santa Maria da Feira.
Manda a tradição que, por ocasião da Festa das Fogaceiras, os feirenses enviem fogaças aos familiares e amigos que se encontram longe.
A fogaça é um pão doce tradicional de Santa Maria da Feira, cujas primeiras referências conhecidas aparecem nas inquirições de D. Afonso III, no século XIII (1254/1284) e que era usada como pagamento de foros. O seu formato estiliza a torre de menagem do castelo com os seus quatro coruchéus. A fogaça é cozida diariamente em várias casas de fabrico do concelho e distingue-se por tradicionais aprestos, quer no preparo, quer na forma como vai ao forno. Os ingredientes base utilizados na confecção desta iguaria são água, fermento, farinha, ovos, manteiga, açúcar e sal.
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4 comentários:
Belíssima descrição de algo que desconhecia por completo. Muito bom Dylan.
Hoje dia 20, já ia uma, de preferência morna e com muita manteiga :)
Bjos
Sabe tão bem uma fogaça com manteiga...
Beijinhos
Na última festa das fogaças, vi uma senhora cair no meio da rua. A diversão pela acabou ali.
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