Batalha dos Atoleiros from ccnunoalvares on Vimeo.
A Batalha dos Atoleiros teve um enorme significado. Em primeiro lugar, e no aspecto militar, Atoleiros foi uma grande vitória portuguesa e exclusivamente protagonizada por efectivos portugueses, com grande protagonismo de forças oriundas do Alentejo, contra um exército muito superior. Em segundo lugar, a Batalha dos Atoleiros significou o despontar da destreza e argúcia militar daquele que veio a ser um grande e respeitado chefe de guerra, D. Nuno Álvares Pereira. Para um pequeno povo que defrontava uma campanha e uma invasão de um grande e poderoso Reino, este acreditar na chefia militar foi fundamental para o moral, para cerrar fileiras e para enfrentar um inimigo superior em número e em material de guerra.
A Batalha dos Atoleiros representou também uma inovação táctica e militar, na medida em que, ao contrário do que era usual na época, a cavalaria teve ordem para desmontar e aguardar, a pé, a ofensiva inimiga. Em terceiro lugar, o êxito alcançado na Batalha dos Atoleiros teve um enorme impacto psicológico nos apoiantes do Mestre de Avis e de uma forma geral em Portugal, ao demonstrar que apesar de todo o seu poderio militar, os castelhanos não eram invencíveis. Esta constatação demonstrou aos portugueses, que se devidamente organizada e orientada, a luta pela independência do Reino poderia ser bem sucedida.
Paralelamente, a Batalha dos Atoleiros implicou uma alteração profunda na perspectiva dos castelhanos. Com efeito, os castelhanos chegaram a Atoleiros com uma confiança extrema, a roçar a sobranceria. Com esta derrota inapelável e estrondosa, toda a confiança castelhana na sua qualidade e superioridade numérica foi abalada de alto a baixo, e a partir daí, a campanha começou a deixar de ser encarada como um passeio e uma mera acção de polícia. Em quarto lugar, a Batalha dos Atoleiros constitui um acontecimento de extrema importância na chamada crise de 1383 a 1385, que consagrou e definiu, de uma vez por todas, a identidade de Portugal, como País, como povo e como nação. Esta consciência de independência nacional jamais se veio a perder, chegou aos nossos dias e certamente ficará para o futuro.
É assim possível afirmar que a partir de Atoleiros e da crise de 1383 a 1385, o país chamado Portugal perdeu a perspectiva de reino de organização baseada em laços feudais, para passar a dispor de uma consciência nacional, traduzida na noção de independência, na necessidade de fronteiras e de governo próprio, assegurado por nacionais e sem interferências estrangeiras. O êxito alcançado na Batalha dos Atoleiros iniciou assim um processo notável de afirmação da nação portuguesa, sem o qual não teria sido possível nem Aljubarrota, nem mais tarde o Acordo de Paz com Castela, em 1411.
6 comentários:
Muito interessante !
gostei muito da temática deste blog. há tantos lugares no nosso país cheios de encanto que nós desconhecemos...ando agora a descobrir muitos deles graças ao geocaching
Actualmente está a ser precisa uma Batalha dos Atoleiros interna, para ver se saímos do atoleiro em que estamos metidos.
Saudações do Roadrunner!
Ainda hoje, a maioria dos castelhanos quando chega a um qualquer lugar, tem uma sobranceria extrema... Aliás, é por isso que os vários povos e nações da Península não gostam deles.
Ainda a propósito desta crise, aconselho vivamente uma visita à Fundação Batalha de Aljubarrota; do melhor, que tenho visitado!
Muito interessante, como sempre. Abraço
Também lá estive e se puder vou voltar.
Já agora visitem a minha localidade ( Terena ) que no fim de semana a seguir à Páscoa vai estar em festa com uma das mais antigas Romarias do Alentejo. Obrigado
Enviar um comentário