terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quinta da Bacalhôa ( V. F. Azeitão)



A denominação tradicional desta quinta, situada em Azeitão, deve-se possivelmente à alcunha de "Bacalhau" que tinha D. Jerónimo Manuel, Capitão-Mor das naves da carreira da Índia, marido de D. Maria de Mendonça e Albuquerque, herdeira da Quinta da Bacalhoa, que foi pertença de Afonso de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia com o mesmo nome.
Foi, ainda, por mais de 500 anos, a Quinta e o Palácio da Bacalhôa um nobre domínio: primeiro na posse dos infantes da Dinastia de Aviz e posteriormente na de Afonso Brás de Albuquerque, ou Afonso de Albuquerque, filho. Porém, após a morte deste notável fidalgo, o domínio sofreu um percurso acidentado e por vezes degradante.

O Palácio e a Quinta da Bacalhôa formam só por si um monumento artístico da mais alta significação em Portugal. Foi o inicio de uma grande revolução artística chamada a Renascença. Impunham-se regras de simetria e ordem, subordinava-se o traçado do edifício a um todo homogéneo, formando como o homem, um ser único e simétrico nas suas partes. A Bacalhôa será talvez a edificação, em que se estreou em Portugal o estilo arquitectónico da Renascença, uma estreia de transição mas que também não obedece a um estilo puro.

Os seus vinhos, o Quinta da Bacalhôa e o Palácio da Bacalhôa, são dos mais famosos de Portugal. Relatos hoje históricos falavam sempre de vinhas na Quinta.
As condições edafoclimáticas da Quinta, a sua exposição suave a Norte e os seus solos, permitem uma maturação longa e completa das duas castas. Estas condições especiais marcam e personalizam o vinho aí produzido. A primeira colheita é o 1979 e logo foi considerado um dos melhores vinhos de Portugal. Desde então todos os anos é lançado um novo Quinta da Bacalhôa. Em 2000 é lançado pela primeira vez uma nova marca da Quinta, o Palácio da Bacalhôa, um “1º vinho” da propriedade que será produzido só nas melhores colheitas.

Os seus jardins e o engenhoso sistema hidráulico que os alimentavam são dos mais notáveis de Portugal. No plano estético representam um compromisso entre o gosto renascentista e a tradição portuguesa

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Viagem Medieval Stª. Maria da Feira

30 de Julho a 9 Agosto de 2009






A 13ª edição da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria, iniciativa da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira em parceria com a Federação das Colectividades de Cultura e Recreio do Concelho, vai decorrer de 30 de Julho a 9 de Agosto de 2009, revivendo-se os primeiros anos do reinado de D. Afonso IV, o Justiceiro e depois o Bravo, que se destacou pelas reformas legislativas e judiciais que implementou e que duraram largos séculos.
Esta viagem ao passado permite que Santa Maria da Feira reviva, durante dez longos dias, grandes momentos de lazer, preenchidas pelo bulício dos mercadores, dos artesãos e das regateiras da feira, pelo labor dos artífices, pela arrogância dos cavaleiros que mostram a sua audácia em intensos combates, disputados em justas e torneiros, pela alegoria de personagens que vagueiam, pelo espírito de alegria que invade todo o burgo com sons e fantasias musicais que deslumbram e encantam todos aqueles que nela participam e visitam.
Com características únicas no país, este projecto diferencia-se pelo rigor histórico, dimensão (espacial e temporal) e envolvimento da população e associativismo local, reforçando uma vasta equipa de mais de mil pessoas de diversas áreas, das quais 250 em regime de voluntariado.
Centrada na recriação de episódios e acontecimentos que marcaram a história local e nacional da Idade Média, a VM começou por realizar-se no Castelo, mas rapidamente, se expandiu para todo o centro histórico e zona envolvente, ocupando actualmente uma área de 40 hectares. Recentemente, a VM foi distinguida com uma menção honrosa na terceira edição dos Prémios Turismo de Portugal, na categoria de "Animação".

Alojamento:
Hotel Feira Pedra Bela
Hotel Íbis – Europarque
Hotel Nova Cruz
Residencial dos Lóios

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Reserva Botânica de Loendros (Cambarinho - Vouzela)



A Reserva Botânica de Cambarinho fica situada na povoação de Cambarinho, freguesia de Campia, concelho de Vouzela, distrito de Viseu, na vertente norte da Serra do Caramulo.
O Rhododentron Ponticumm, vulgo loendro, é um arbusto de crescimento espontâneo na Península Ibérica. Apresenta as folhas alongadas e flores vermelho violáceas de rara beleza. Prefere as zonas húmidas onde emoldura ribeiros e regatos nos meses de Maio e Junho obrigando os olhos dos visitantes a maravilharem-se num magnífico espectáculo de cor pela sua floração. Esta espécie encontrou na Serra do Caramulo e nos afluentes do Rio Alfusqueiro características climáticas e um solo propícios ao seu desenvolvimento.

Devido ao seu valor científico, educativo, turístico e paisagístico, os Loendros foram a 15 de Fevereiro de 1938 classificados com espécie de interesse público, através do Decreto Lei n.º 28468. No entanto, visto esta classificação não garantir a sua protecção foi posteriormente toda a área elevada à categoria de Reserva Botânica Integral, através do Decreto Lei n.º 364/71 de 25 de Agosto.
Recentemente viu a sua importância reconhecida já que faz parte da Lista Nacional de Sítios da Rede Natura 2000 (2.ª fase).

Sendo uma planta venenosa foi perseguida, através dos tempos, como planta indesejável nas matas e nos campos de cultivo por parte dos proprietários do gado, pois por vezes o gado ingere as folhas, originando graves perturbações nos animais e que podem levar à morte. Devido à sua rara beleza, o seu corte serve para enfeitar as ruas, edifícios e andores na altura das procissões religiosas. Servem também para a construção das “sebes” dos carros de vacas, dada a maleabilidade das suas varas para o trabalho de encanastrar.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Paço Real de Caxias (Oeiras)



O Paço Real de Caxias tem a sua origem no século XVIII, quando o Infante D. Francisco, filho de D. Pedro II e de D. Maria Sofia de Neuborg iniciou a construção. Com a sua morte, acaba por ser o Infante D. Pedro V a tomar posse da Casa do Infantado, a que pertencia a Quinta e a terminar as obras.
Entre 1826 (data da morte D. João VI) e 1833 o paço esteve abandonado, até que D. Miguel de Bragança o ocupa durante alguns meses. Anos mais tarde serve de residência de Verão da Imperatriz e Duquesa de Bragança. Em 1985 é celebrado protocolo entre o Estado-Maior do Exército e a Câmara Municipal de Oeiras que procedeu à recuperação, manutenção e reutilização do jardim e cascata.
Situado à beira mar, este pequeno “Jardim Le Nôtre” é bem um exemplo da sofisticada vida social do século XVIII. O principal elemento do jardim é a cascata, de várias galerias comunicantes e dispostas em trono, corada por pavilhão octogonal, tendo em plano médio o tanque de onde parte da água caía no lago e onde se salienta o conjunto escultórico de Machado de Castro. As estátuas representam uma cena mitológica, segundo a qual a Deusa Diana vinha tomar banho junto da gruta onde o seu amado pastor Endimião dormia um sono eterno. Das estátuas partiam vários jogos de água, emprestando ainda mais movimento aos figurantes deste gigantesco palco wagneriano.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Queda do Vigário (Alte - Loulé)



A Queda do Vigário é uma queda de água da ribeira de Alte, que nasce na Quinta do Freixo, junta-se com a ribeira de Algibre perto de Paderne, formando a ribeira de Quarteira. Despenha-se a pique a 24 metros de altura caindo num grande lago que se assemelha a um alguidar, num local de grande beleza natural

Esta obra terá sido feita a mandado de Duarte de Melo Ribadeneyra, 18º Senhor de Alte, nos finais do século XVII, com o objectivo de embelezar a ribeira. No entanto, supõe-se que já existisse uma queda de água mais pequena, permanente ou temporária, nesse local. Há registos, nos arquivos da Casa d’ Alte que referem que a Queda do Vigário ficou tão bem construída, que nem foi afectada com o terramoto de 1755. Outrora, este espaço era muito procurado pelos habitantes locais para passear e tomar banho, aos domingos ou em dias de festa.

O terreno envolvente à Queda do Vigário foi adquirido, a particulares, pela Câmara Municipal de Loulé em 2002, que executou, posteriormente, obras com vista à criação de acesso, zona de lazer, parque de merendas e um edifício de apoio.
O espaço sofreu remodelações recentes, tornando-o ainda mais aprazível e propicio a momentos de lazer.

O acesso a este bonito espaço faz-se, após o estacionamento, junto ao cemitério de Alte, numa descida de cerca de 300 metros.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Cheleiros (Mafra)



A freguesia é atravessada pela Ribeira de Cheleiros que é responsável pela drenagem das terras, e, em grande parte, pela respectiva fertilidade agrícola.
Toda a freguesia se estende ao longo de vales, nos quais abundam os arvoredos, principalmente os pomares e os vinhedos, que tradicionalmente constituíam a principal fonte de recursos da população. Actualmente, e de acordo com dados fornecidos pela Junta de Freguesia, estima-se que pouco mais de 50 pessoas se dediquem ainda à actividade agrícola, da qual uma grande parte é agricultura de subsistência e apenas uma pequena parte fornece os mercados da Grande Lisboa.

Restaurada pontualmente ao longo dos séculos (e mais recentemente na década de 80 do século XX), a Ponte Velha de Cheleiros - como também é conhecida - permanece como principal referência monumental e identitária desta vila. Sabe-se muito pouco acerca da ponte antiga de Cheleiros. A maioria dos autores aponta para uma origem romana, servindo a estrada que, "de Galamares, Faião e Cheleiros conduzia a Mafra". A robustez da construção, a solidez que, ainda hoje, transmite e, sobretudo, o facto de o seu arco ser de volta perfeita, amplo, e constituído por grandes silhares cuidadosamente aparelhados, são indicadores que sugerem esse passado romano, condição reforçada ainda pela ampla romanização (de carácter eminentemente rural) do actual concelho de Mafra. Existem, todavia, outros indícios que favorecem uma catalogação estilística gótica.

Do ponto de vista do património cultural, merecem ainda destaque o cruzeiro instalado na zona do Arrebalde, o chafariz centenário, o relógio de sol de mostrador quadrado situado na Igreja Matriz, o pelourinho, e a capela do Espírito Santo.
A Igreja Matriz, considerada monumento nacional, é um bom exemplo das influências manuelinas na arquitectura rural.
O vinho abafado do Carvalhal tem fama, tal como a aldeia de Broas, reminiscência de um passado retintamente saloio. Foi Vila e Concelho, com foral de 15 de Fevereiro de 1195, confirmado por D. Dinis, e novo por D. Manuel, de 1516.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Alcofra (Vouzela)



Situada na vertente norte da Serra do Caramulo, Alcofra é uma terra deslumbrante, em parte graças aos rododendros, espécie botânica de grande beleza, que entre Maio e Junho, lhe dão um magnífico colorido. O rio Alcofra sulca as suas terras, tornando-as férteis para a prática da agricultura, sendo a agro-pecuária a actividade base para a economia local.

O povoamento de Alcofra é muito remoto, não só anterior às primeiras informações documentadas, dos séculos XII e XIII, mas de épocas pré-romanas, visto que nas imediações e nas altas montanhas que circundam as várias povoações da freguesia, não faltavam fortificações castrejas. O próprio topónimo, Alcofra, indica presença árabe na região; existem duas versões para o seu significado: a primeira será “all” que significa “os”, seguido do substantivo “cafres” que significa “infiéis”, referindo-se provavelmente aos árabes que aqui passaram e que terão chamado aos habitantes da zona, infiéis, por estes serem cristãos e não aderirem ao maometismo; a segunda versão é talvez a mais lógica, pois a palavra “alcofra” existe no vocabulário árabe, e significa “algo côncavo, como uma cesta ou uma bacia” e Alcofra tem estas características, pois tem a forma de uma bacia, cercada de montes por todo o lado.

Situada em Cabo de Vila, Alcofra, é, das três torres, a que se encontra em melhor estado de conservação, o que se deve em parte à intervenção recente de que foi alvo pela Câmara Municipal de Vouzela e pelo facto de ser a construção mais tardia. A sua construção deve datar entre os séculos XIV e XV. Este tipo de construção erguia-se em locais férteis, ricos em água, em zonas de aluvião, geralmente de fácil acesso. A Torre Medieval de Alcofra insere-se nesse quadro. Implantada num vale, a torre goza de uma vista privilegiada sobre os campos de cultivo.
O acesso ao interior da Torre fazia-se por uma escada movível que alcançava a porta, situada na face sul, no primeiro andar. A preocupação defensiva, inerente a tal dificuldade, é sublinhado pelo facto de no rés do chão apenas existirem umas frestas verticais muito estreitas para arejamento do interior.
Segundo a lenda, esta torre possui um túnel que vai até ao Monte Gralheiro e que terá acoitado os soldados cristãos em luta contra os mouros.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Praia Fluvial Quinta do Barco (Sever do Vouga)


Em 2006, foi atribuído a praia fluvial Quinta do Barco o galardão de acessibilidade. Um selo de qualidade da responsabilidade da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-Centro). No sentido de assegurar as condições necessárias para ser reconhecida como praia acessível, a Câmara Municipal procedeu a algumas intervenções de forma a facilitar a sua utilização por todos os utentes, incluindo os com mobilidade condicionada, seja ela permanente ou temporária.
Situada na margem esquerda do rio Vouga, na Paradela do Vouga, esta praia fluvial fica inserida num cenário natural verdejante. Oferece bons serviços de apoio, incluindo um restaurante de gastronomia regional, bar e esplanada, para além de uma loja de venda de artesanato. Dispõe ainda de parque infantil, zona de merendas e balneários.
A praia artificial da Quinta do Barco é um lugar magnífico para os lazeres e os desportos radicais. Aqui pode contornar o Vouga em canoa para admirar a ponte do Poço Santiago.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pego do Inferno (Tavira)



A aproximadamente 7km de Tavira, na freguesia de Stº Estêvão, encontra-se o Pego do Inferno, em pleno barrocal algarvio.

Com o objectivo de dar a conhecer uma das zonas mais aprazíveis do concelho de Tavira, a autarquia requalificou parte da envolvente natural que enquadra a Ribeira da Asseca e respectivas quedas de água das quais se destaca o Pego do Inferno.

Durante o percurso, é possível observar-se a Ribeira da Asseca, considerada um dos cursos de água mais importantes do concelho. Outrora, local de azenhas e moinhos de trigo.

Nas margens ribeirinhas, por vezes, é possível apreciar algumas espécies faunísticas que dependem directamente de água, tal como o cágado (Mauremys leprosa) e o sapo-comum (Bufo bufo). Podem, ainda, ser vistas diversas espécies animais, tal como a lebre (Lepus capensis), o ouriço-cacheiro (Erinaceus europaeus), e a cobra-rateira (Malpolon monspessulanus).

Apesar da beleza de todo o percurso, o ponto alto da visita é a chegada ao miradouro do Pego, onde se pode admirar a queda de água. Este local utilizado muitas vezes como zona de banhos, não está, no entanto, designado como praia fluvial.

O acesso ao Pego do Inferno, após o estacionamento no parque, onde existe um pequeníssimo bar de apoio, faz-se durante cerca de 100 metros até se aceder a uma escadaria de madeira, começando aí o percurso propriamente dito, levando a descida até ao Pego cerca de 300 a 400 metros.
Existem algumas lendas associadas a este lugar. A mais popular e a que dá o nome de Pego de Inferno ao local é a da carroça que se despenhou no pego. Os corpos e a carroça nunca foram encontrados o que levou à crença que o pego não teria fundo e quem ali caísse iria dar directamente ao Inferno. Porém existe quem afirma que os corpos e alguns destroços da carroça foram encontrados alguns dias depois no mar o que faz com que muitos acreditem ainda na existência de túneis subterrâneos entre o pego e os Rios Gilão e Guadiana. Mas, segundo os especialistas e após alguns estudos e medições, o Pego não terá mais de sete metros de profundidade.

Acessos: o melhor é sair da Via do Infante (A22) em direcção a Tavira e logo na primeira rotunda virar para Santa Catarina. Umas centenas de metros depois surge uma pequena placa a indicar que o Pego fica para a direita. Mais uns metros e surge outra indicando para a esquerda.

domingo, 21 de junho de 2009

Moinhos de Alburrica (Barreiro)


Elevado a cidade a 28 de Junho de 1984, o Barreiro é cúmplice do Tejo e ninguém retratou o facto melhor do que o pintor Silva Porto.
Aqui se instalaram muitos moinhos de vento e de marés, para aproveitar a generosa energia dos elementos. Alguns destes moinhos ainda fazem parte do património do concelho. É o caso dos três moinhos de vento de Alburrica, edificados em 1852.
O maior ou Gigante, o central ou Poente e o último, o Nascente. Os Moinhos Nascente e Poente de tipologia comum, possuem torre cilíndrica de dois pisos, cobertura móvel e duas mós. São desactivados em 1950 e adquiridos pela Câmara Municipal em 1973. O Moinho Poente ostenta um registo votivo em azulejo dedicado a Nª Sª do Rosário.
O Moinho Gigante de tipologia holandesa foi desactivado em 1919 sendo habitado por pescadores até 1998 quando passa a Património Municipal.

Como outrora, o Barreiro mantém uma aprazível ligação às águas vastas e sossegadas do rio, fazendo parte do conjunto composto por terras de Lisboa e da "outra banda", desde há séculos indissociável numa composição magnífica entre as maravilhas da natureza e o labor dos homens.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Monção





Monção situa-se entre dois fenómenos geográficos distintos, o extenso e fértil vale do rio Minho e as escarpadas montanhas, sendo no sentido transversal, cortado por uma série de rios, ribeiros, riachos, que fertilizam a sua terra e permitem a ocupação a meia encosta. Ora, se os vales são propícios para a prática de agricultura também os terrenos de alta montanha são os ideais para a prática da pastorícia, não sendo então raros os vestígios de ocupação um pouco por todo o lado.
Deu-la-Deu Martins é um afigura lendária da história local, à qual está atribuído o feito de ter ludibriado os castelhanos numa altura em que estes impunham um cerco à vila, durante as guerras fernandinas. Para tal ter-lhes-ia lançado pães feitos com a farinha (pouca) que restava em Monção, gritando-lhes a frase “Deus lo deu, Deus lo há
dado".

Também a Festa do Corpo de Deus (festas municipais) motivam um grande interesse em todo o concelho. Tal como na Idade Média, seguem em cortejo o Boi Bento, de cornos envernizados e enfeitados de flores e fitas, o Carro das Ervas, engalanado de verdura e cheio de anjinhos, S. Jorge, fulgurante cavaleiro medieval e, a Coca, monstro que simboliza o mal. Depois da procissão, S. Jorge defronta a Coca num renhido torneio, cujas peripécias entusiasmam a multidão.
Das muralhas medievais de Monção, construídas no tempo de D. Dinis (1305 a 1308), resta apenas um trecho junto ao passeio dos Néris.As actuais muralhas resultam de uma modificação ocorrida no começo do século XVIII. São consideradas Monumento Nacional pelo decreto de 16-06-1910, tendo sido rompidas em três lados: para assento da via-férrea, para a abertura da estrada das Caldas e para a construção da estrada em direcção a Melgaço.
Na vila é de destacar a Igreja Matriz, uma igreja fundada no reinado de D. Dinis no século XIII. Com influências da arquitectura religiosa gótica, manuelina, maneirista e barroca, o seu pórtico – de estilo românico – é digno de ser admirado. No seu interior, a Capela de S. Sebastião – notável pelo seu estilo gótico – possui o jazigo de Vasco Marinho, seu fundador, secretário e confessor do papa Leão X.

O concelho de Monção oferece um vasto cardápio de paladar caseiro e gostoso que compreende, entre outros manjares, o arroz de lampreia do rio Minho, o sável e o salmão, geralmente servidos grelhados ou em caldeirada, o cabrito assado à moda de Monção, conhecido como a “Foda à Monção” e, na doçaria, as delicias conventuais das “barriguinhas de freira” e os populares papudos e roscas. O Vinho Alvarinho, nascido na Sub-Região de Monção, é personalizado e distingue-se dos demais pelo seu equilíbrio, de cor citrina, paladar leve e fresco, aroma frutado, característico e ímpar, cheio de boca, e de agradável e persistente pós de boca, sendo, pela sua originalidade, um dos melhores vinhos do mundo.

sábado, 13 de junho de 2009

Igreja e Convento Stº António dos Capuchos (Monção)




Ao longo da sua história, o Convento de Santo António (mais tarde denominado Convento dos Capuchos) foi objecto de várias adaptações e reconstruções que explicam não só os aspectos arquitectónicos peculiares, como as invulgares pinturas e inscrições aparentemente anacrónicas. Desde 1746 que se encontram referências documentais ao Convento dos Capuchos dedicado a Santo António, padroeiro dos religiosos Capuchos. O edifício apresenta características próprias do Século XVI, nomeadamente no seu claustro, bastante anterior à própria Igreja dos Capuchos (1769). O claustro, de planta quadrangular, pertenceu a outro Convento, o de São Francisco, fundado em 1563 por Freiras Franciscanas, e abandonado em meados do Século XVIII.
Após quase um século de utilização monástica, o Decreto Régio de 1834 extingue a ordem religiosa os Religiosos de Santo António da Província de Monção.
Desde então o edifício desempenhou várias funções, públicas e privadas, tendo sido utilizado, nomeadamente como escola e tribunal, além, naturalmente de habitação familiar.
A intervenção e adaptação do Convento dos Capuchos em Hotel caracterizou-se por uma pacífica convivência entre o antigo, preexistente, e o moderno, construído de novo, procurando respeitar e dar ênfase ao documento histórico e patrimonial que o Convento dos Capuchos representa.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Pêgo da Rainha (Mação)

Foto de Fernando Flores

É na freguesia de Envendos que se situa uma pequena aldeia chamada Zimbreira com apenas 37 habitantes que faz as delícias dos visitantes. A sua queda de água e a pequena lagoa que se forma leva a que seja um dos espaços mais agradáveis para passear e banhos nas tardes quentes do ano. Naquele vale, onde as rochas de quartzo emolduram o local e os acessos são feitos através de estradas de terra batida pouco apetecíveis, os solavancos são desconfortáveis.
Na parte de cima da cascata, à beira do regato e debaixo da sombra fresca oferecida pelos plátanos, estão mesas compridas em madeira. São dos poucos sinais da presença humana. Para se chegar lá, não existem escadas mas rochas esculpidas pelos pés do homem que vão tomando a forma de acesso. A água brota das rochas e pode-se beber.
Já durante o ano de 2002 foram encontrados nas proximidades deste local algumas pinturas atribuídas ao período neolítico.

Como chegar: O melhor acesso rodoviário vindo de Lisboa, do Porto ou do litoral será pela A23, saindo da autoestrada na saída para Envendos. Chegando a Envendos, junto à Igreja, segue-se a placa que diz Zimbreira.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Palácio da Pena (Sintra)



Sonho concretizado de D.Fernando II, a quem chamaram Rei-Artista, homem de visão plurifacetada, amador e coleccionador das artes e admirador da história e cultura portuguesas, o Palácio Nacional da Pena é a expressão arquitectónica dos ideais românticos, numa clara homenagem a um património de diferentes épocas, um espaço multifacetado, que se tornou, e também através das suas colecções, um repositório de épocas, estilos e gostos.
Edificado a cerca de 500 metros de altitude, remonta a 1839, quando o rei consorte D. Fernando II de Saxe Coburgo-Gotha (1816-1885), adquiriu as ruínas do Mosteiro Jerónimo de Nossa Senhora da Pena e iniciou a sua adaptação a palacete. Para dirigir as obras, chamou o Barão de Eschwege, que se inspirou nos palácios da Baviera para construir este notável edifício. O rei consorte adoptou para o palácio formas arquitectónicas e decorativas portuguesas, ao gosto revivalista (neo-gótico, neo-manuelino, neo-islâmico, neo-renascentista) imbuído do espírito Wagneriano dos castelos Schinkel do centro da Europa e na envolvência decidiu fazer um magnífico parque à inglesa, com as mais variadas espécies arbóreas exóticas.
No interior, ainda decorado ao gosto dos reis que aí viveram, destaca-se a capela, onde se pode ver um magnífico retábulo em mármore alabastro atribuído a Nicolau Chanterenne (um dos arquitectos do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa). Merece referência também as pinturas murais em trompe l’oeil e os revestimentos em azulejo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Praia da Adraga (Sintra)



Agreste, selvagem, de um azul intenso..... simplesmente bela. O local é de uma beleza invulgar, conjugando o ambiente de montanha com o de praia.
Foi assim que a Praia da Adraga foi adjectivada por um dos jornais de referência do Reino Unido – o “Sunday Times” – , que elaborou um “ranking” das melhores praias da Europa.
Nesse ranking, realizado com base numa sondagem junto de turistas ingleses (conhecidos por serem grandes viajantes e, ainda por cima, muito exigentes), a Praia da Adraga surge em 3º lugar. Ou seja, a Adraga é, portanto, a terceira melhor praia da Europa.
O acesso à Praia é bastante sinuoso e só pode fazer-se de automóvel, através de uma estrada que desce entre montanhas, deixando a dúvida se realmente nos estamos a dirigir para uma praia. Mas, alguns minutos depois de passar Colares e Almoçageme, é com algum fascínio que, entre dois enormes montes, surge o azul do mar da Adraga. Um crescente de areia, encaixado entre altas arribas e o magnífico oceano Atlântico, esta praia pode ser selvagem e maravilhosa, oferecendo ainda excelentes condições para a prática do surf.
É, no entanto, extremamente frequentada, havendo mesmo dificuldades em termos de estacionamento, o que se ultrapassa com uma boa dose de paciência. Contudo, esta será uma boa altura para visitar este paraíso na terra, já que a maior afluência se verifica no Verão. Situada entre falésias, tem um mar considerado perigoso devido às suas correntes, no entanto por estar protegida pelas arribas não está tão exposta às fortes rajadas de vento, normais nesta área.

domingo, 31 de maio de 2009

Pedra da Ursa (Sintra)



A Pedra da Ursa, bem como as outras ilhotas rochosas sobranceiras a esta praia são calcários jurássicos.
Os mais desatentos nem dão por ela, mas na estrada para o Cabo da Roca, uma velha placa de pedra indica o caminho de terra para a Ursa. A estrada, cheia de buracos e pedras pontiagudas, é um primeiro aviso para o que vem a seguir. Protegida por altas falésias e um acesso perigoso o suficiente para a manter a salvo de grandes enchentes, a Ursa é um verdadeiro tesouro para quem gosta de sossego e isolamento, impossível de conseguir nas praias vizinhas de Sintra e de Cascais. A estrada de terra termina num local ermo com vista para o mar e para chegar ao areal, desde o alto, é ainda necessário caminhar cerca de dois quilómetros, pelas estreitas e escorregadias veredas que sulcam a encosta. O percurso demora cerca de uma hora, a que se acrescentam mais 90 minutos para o regresso, porque a subir custa mais. Aconselha-se o uso de calçado desportivo, bem como bastante cautela nos troços com pedras soltas. Uma vez chegados lá abaixo, a vista é assombrosa, com as colossais pedras da Ursa e Gigante, dois enormes monolitos naturais que se erguem do mar, a dominarem toda a paisagem. Durante a maré baixa, é possível explorar as enseadas da Palaia (a sul) e a do Pesqueiro do Abrigo (a norte). Entre elas, estende-se um areal com cerca de 50 metros, quase só frequentado por pescadores à linha e adeptos do naturismo.
Uma lenda conta que há muitos milhares de anos, quando a terra estava coberta de gelo, aqui vivia uma ursa e seus filhotes. Quando o degelo começou, os Deuses avisaram todos os animais para abandonarem a beira-mar, mas a ursa, teimosa, recusou-se pois ali tinha nascido e ali queria ficar. Os Deuses enfurecidos transformaram a ursa em pedra e os seus filhotes em pequenos calhaus dispersos à volta da mãe e ali ficaram para sempre dando assim o nome à praia.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Parque de Monserrate (Sintra)



O Parque de Monserrate constitui um dos mais notáveis exemplos de jardins românticos em Portugal, fruto das contribuições dos seus proprietários e arrendatários que, desde os finais do século XVIII, o foram enriquecendo sucessivamente.
Os primeiros registos de Monserrate remontam a cerca de 10 séculos atrás, época da ocupação muçulmana da Península Ibérica. Já em meados do século XVI, a propriedade pertencia ao Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa, cujo reitor, o abade Gaspar Preto, se deixou encantar pela virgem negra de Monserrate, na Catalunha. Então, mandou fazer uma estátua da santa e erigir uma pequena capela para albergá-la, no lugar onde está hoje o Palácio.
Em 1856 a quinta de Monserrate é comprada à família Mello e Castro por Francis Cook, um milionário inglês, comerciante de têxteis que manda refazer o palácio, agora ao gosto neo-mourisco, e que cria um notável jardim paisagístico, inspirado pelo romantismo inglês.
Todo o edifício consiste numa delicada obra de arte: desde os relevos das paredes aos preciosos painéis de alabastro, passando pela engenhosa escadaria até às abóbadas “rendilhadas”, por detrás das quais eram colocados painéis coloridos para criar jogos cromáticos a partir da luz do sol. A construção é perfeitamente simétrica e milimetricamente alinhada com os pontos cardeais; de tal forma que, mesmo em pleno inverno, não era necessário aos seus habitantes o recurso ao sofisticado sistema de aquecimento central.
Monserrate oferece-nos hoje a possibilidade de fruição de um ambiente característico de um jardim romântico à inglesa, para além da contemplação de um património arquitectónico de referência e o conhecimento de inúmeras espécies botânicas de grande notoriedade.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Quinta da Regaleira (Sintra)



O Palácio da Quinta da Regaleira foi construído no início do séc. XX pelo milionário António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920) que aqui conseguiu concretizar um dos seus sonhos, com a ajuda do arquitecto cenógrafo Luigi Manini (1848-1936), responsável também pelo Palácio do Buçaco. Envolvido por uma vegetação luxuriante, o Palácio da Regaleira é uma descoberta fascinante.
O Palácio foi construído em estilo romântico revivalista recuperando formas arquitectónicas e decorativas góticas, manuelinas e renascentistas, misturadas com simbologia mítica e esotérica. Está rodeado de jardins românticos, fontes e grutas ricamente adornadas escavadas na terra, que se cruzam com riachos e minas de água. Porém, o complexo sistema de túneis que nos leva ao Poço Iniciático e termina na espectacular cascata é sem dúvida o ponto mais interessante da Quinta.
Lembra-se do Indiana Jones em busca do Templo Perdido? Vem a propósito, porque a porta do Poço Iniciático é na verdade uma grossa fatia de parede circular que gira sobre si mesma para nos revelar a entrada do local. São 27 metros de profundidade que terminam num bonito chão de mosaico, o qual tem uma estrela de oito pontas gravada, a estrela dos Templários. As paredes exteriores do Poço são de pedra e encontram-se cobertas de musgo que se enrolam em espiral até ao fundo, pois são 135 degraus e nove lanços de 15 degraus cada.
O cunho maçónico não é consensual, e até os próprios guias admitem outras interpretações para os sinais que se encontram, que têm diversos significados também no mundo cristão e isotérico.


domingo, 24 de maio de 2009

Azenhas do Mar (Sintra)


Verdadeira obra-prima da arquitectura popular, esta aldeia estende-se em socalcos pela arriba acima. O casario, quase todo pintado de branco, enquadra uma pequena baía onde foi construída uma piscina oceânica escavada na rocha. É uma povoação muito antiga, cujas origens se perdem na memória dos tempos. Datam provavelmente do período da ocupação Árabe os primeiros moinhos de água, as populares Azenhas, que deram nome à povoação. O Miradouro das Azenhas do Mar está construído sobre arribas que descem sem medo até ao Oceano. É um local muito frequentado tanto no Verão como no Inverno, pela grandiosidade da vista que proporciona. Ali, pode apreciar-se o Oceano Atlântico em todo o seu esplendor apesar de o seu areal não ultrapassar os 30 metros, e mesmo esses escassos metros dependem muito do Inverno, pois é ele que determina a extensão do areal todos os anos.

sábado, 23 de maio de 2009

Cidadela de Cascais


Em finais do século XV foi mandada construir por D. João II uma torre, que tornasse mais eficaz a defesa de Lisboa e respondesse aos desmandos da pirataria. Esta foi ampliada para uma fortaleza nos finais do século XVII e reconstruída após o terramoto de 1755 para proteger a enseada de Cascais. Em 1871 D. Luís adaptou a parte da cidadela a residência de Verão da família real, passando, em 1963, a residência de Verão do presidente da República. No interior do forte existe ainda a capela de Nossa Senhora da Vitória. Aqui está também instalado o núcleo principal do Museu Municipal de Cascais e um pequeno museu de artilharia ao ar livre.
O conjunto da Cidadela de Cascais, incluindo o Forte de Nossa Senhora da Luz, a Torre de Santo António de Cascais, e toda a parte fortificada que está compreendida entre a Ponta do Salmodo e o Clube Naval de Cascais, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Penela


Etimologicamente, o termo Penela, é, segundo o antiquário Santa Rosa de Viterbo, diminutivo de Peña, Pena ou penha, e significava na Baixa Latinidade, o cabeço, monte ou rochedo.
À História de Penela crê-se estarem ainda associadas as passagens sucessivas dos Vândalos, destruidores da fortaleza construída pelos Romanos; dos Mouros, que tomaram o Castelo de Penela no séc. VIII e das tropas de Fernando Magno (Rei de Leão), tendo a fortificação ficado sob o poder do Conde D. Sesnando, primeiro Governador de Coimbra (depois da Reconquista em 1064), a quem se deve a construção de um forte castelo medieval no interior da fortaleza moura já existente.
O Castelo de Penela, ergue-se sobre um penhasco e é, depois do de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que resta da linha defensiva do Mondego.Tendo em atenção estudos feitos aos vestígios existentes, é de crer que na origem do Castelo de Penela estivesse um Castro lusitano posteriormente aproveitado pelos Romanos aquando da sua conquista, no século I A. C.
A Igreja de S.Miguel, situada no seu interior, é já o resultado de obras da segunda metade do século XV. Mas o casco medieval de Penela também merece uma visita: por entre o casario pode descobrir-se o Pelourinho Manuelino e a Igreja Renascentista de Stª Eufémia ou o belíssimo Largo da Misericórdia com a sua Igreja. Em Setembro, por ocasião da Feira de S. Miguel, compram-se nozes e mel. Mas na Primavera o queijo do Rabaçal fica, como diria Eça de Queirós, redondo e divino. As tibornadas acompanhadas de um óptimo vinho das Terras de Sicó devem também entrar na ementa.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Forca de Freixiel (Vila Flor)



Na freguesia de Freixiel, conserva-se ainda hoje a insólita, mas historicamente muito importante, silhueta da antiga forca, vestígio aparentemente único na Península Ibérica. Está implantada numa pequena elevação nos arredores da localidade, na vizinhança do campo onde, segundo a tradição, seriam sepultados os enforcados, a quem estaria vedado o enterramento em solo consagrado. O monumento é constituído pelos dois pilares verticais que sustentariam um elemento horizontal, sendo estes formados por blocos de granito toscamente aparelhados, com cerca de 3 metros de altura, rematados por singelos cones. O elemento horizontal em falta era geralmente a trave de suspensão do laço, embora a presente forca seja provavelmente de garrote. De facto, a distância a que os orifícios do topo ficam, quer do solo, quer do estrado de madeira que supostamente completaria o conjunto (conforme marcas de desbaste na base dos pilares), é insuficiente para o estrangulamento por suspensão. O estrangulamento por garrote foi, de resto, muito usado em toda a Península desde a Idade Média.

Acessos: EN 314 de Vila Flor para Abreiro, cruzamento à esquerda para Freixiel. A forca fica fora da aldeia, numa pequena colina atrás da igreja.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Alpedrinha (Fundão)

"Sintra da Beira"

Quando se chega a terras beirãs, é um prazer seguir o caminho até Alpedrinha. A frescura da paisagem e a arquitectura granítica constroem um quadro tão característico que apetece guardar na memória por tempos e tempos. Por se situar a vila numa encosta da serra da Gardunha o ar é completamente puro. É de encher os pulmões vezes sem conta até chegar o cansaço proveniente de tal exercício.
De fundação pré-histórica, enquadrada entre pinheiros e pomares, a cerca de 500 metros de altitude, Alpedrinha foi posteriormente atravessada por uma via romana que ainda hoje lá se encontra. Vários achados arqueológicos (moedas, fragmentos de pedras) atestam a presença de povoamento romano na zona, então baptizada de "Petratinia".
Apresenta como pontos de interesse as Fontes da Fome e de Leão e o pelourinho, ou Lugar da forca, a antiga Casa da Câmara e diversas casas solarengas. O Monumental Chafariz de D. João V (imagem principal), ou Fonte das Sete Bicas, também é outro motivo de visita. Em granito, como não poderia deixar de ser, tem como remate uma coroa com as armas reais. Diz uma inscrição que foi construído “para felicidade da pátria”, já que as águas eram “explêndidas”. Diz-se que a da esquerda está destinada às crianças e solteiros, a do centro aos casados, e a da direita aos viúvos e bruxas. Diz-se também que quem prova desta água e não é da terra, voltará mais tarde a Alpedrinha. É uma questão de experimentar para saber se é verdade.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Ançã (Cantanhede)


De origens remotas, atribui-se a fundação do povoado original a oito monges italianos enviados pelo patriarca do Ocidente, S. Bento, no século VII.
Terra conhecida pela famosa pedra de Ançã, excelente para trabalhos artísticos, que se encontra nos mais importantes monumentos do País e do estrangeiro, foi utilizada desde a antiguidade por grande número de escultores. Pela vila passa a ribeira de Ançã, formada pelo caudal da grande nascente, denominada “Fonte de Ançã” que serviu durante séculos para o escoamento da pedra de Ançã até ao rio Mondego, e desde aí até ao mar, donde seguia em barcos para os diferentes destinos, no País e no Estrangeiro. O transporte inicial das pedreiras até à ribeira processava-se em carros de bois.
Nunca foi possível determinar com clareza a origem do bolo de Ançã, que acabou por se perder no tempo. Sabe-se apenas que o segredo foi transmitido de geração em geração, mantendo-se a fórmula baseada em ingredientes vulgares, como os ovos, a farinha, o açúcar e a margarina, e a necessidade de ser amassado à mão e cozido em forno a lenha, factores essenciais para garantir a sua qualidade. Os bolos de ovos, de cornos e o fino são as três variedades do bolo de Ançã que deliciam todos os anos os mais gulosos durante Feira do Bolo de Ançã.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Capela São Pedro de Balsemão (Lamego)


Perto das margens do Rio Balsemão, dentro de uma construção dos séculos XVII-XVIII, esconde-se um verdadeiro tesouro erguido por cristãos afoitos nos tempos em que o Corão era lei. A capela de São Pedro de Balsemão é um monumento tão relevante cientificamente quanto problemática é a sua cronologia e forma original.
Nos últimos cem anos, a historiografia divide-se em duas propostas cronológicas antagónicas: a época visigótica (séculos VI-VII) e a expansão do reino asturiano (séculos IX-X). Até ao momento, não foi possível confirmar qualquer destas sugestões.
De raro valor histórico e arqueológico, o templo, com três naves, possui duas peças do séc. XIV dignas de menção: uma escultura da Senhora do Ó esculpida em pedra de Ançã e o túmulo do Bispo do Porto D. Afonso Pires, esculpido em granito.
Quem lá entra transporta-se facilmente a um mundo distanciado e místico de que mal compreende os símbolos esculpidos nos capitéis ou nas enigmáticas figurações.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Monte São Félix (Póvoa de Varzim)


O monte de São Félix é o ponto mais elevado da serra de Rates, 202 m de altura, e situa-se na freguesia de Laúndos. Apesar da sua altura modesta, destaca-se na paisagem por ser uma elevação em frente a uma planície litoral. Ponto panorâmico privilegiado, daqui se pode observar toda a região e notar-se a sua diversidade marítima, campesiana e urbana.
O monte possui uma vista panorâmica sobre a cidade e as suas praias; a capela de São Félix; moinhos (alguns deles convertidos em residência de férias) e a Estalagem do mesmo. Não muito longe situa-se o Campo de Tiro de Rates.
Acredita-se que neste monte viveu outrora São Félix (o eremita), responsável por ter encontrado o corpo de São Pedro de Rates, primeiro bispo de Braga, que terá dado origem à igreja de São Pedro de Rates.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ponte da Boutaca (Batalha)


A versão actual foi construída em 1862 em estilo neogótico constituindo um dos monumentos mais importantes da arquitectura revivalista manuelina. Existem no entanto dados que apontam para uma primeira construção nos séculos XV e XVI, da autoria do mestre Boytac, responsável por algumas obras do Mosteiro de Santa Maria da Vitória.
É a única ponte do país que ainda mantém as casas de portageiro, frequentes no passado para a cobrança da passagem. A edificação da ponte original está ligada à construção do mosteiro, tudo indicando que o respectivo projecto e direcção das obras seriam da responsabilidade dos mesmos arquitectos.
O tapete da ponte centenária – monumento nacional desde 1982 –, que antigamente integrou o traçado Estrada Real de D. Maria I e mais tarde da Estrada Nacional n.º1, tem uma via em cada sentido de trânsito e a circulação está limitada a veículos com menos de 19 toneladas.
Esta ponte foi recuperada recentemente no âmbito de um protocolo assinado entre a Câmara Municipal da Batalha e o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Renasceu como espaço cultural ficando a edilidade a assumir as actividades de gestão corrente e de dinamização cultural, o que implicou a criação de um centro cultural de história e artesanato. Cada casa de portageiro tem uma vocação específica, direccionada para os diferentes escalões etários, mas com interligação entre todos os espaços. Haverá um espaço usado para a exposição de trabalhos infantis, outra terá artesãos, artistas e formadores afectos à Escola de Artes e Ofícios Tradicionais da Batalha. Está ainda contemplada a instalação de um mini-museu de carácter informativo e de um espaço juvenil para a prática de desenho, pintura, escultura e fotografia.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

São Pedro de Rates (Póvoa de Varzim)


A antiga povoação de São Pedro de Rates estava situada na confluência de vários eixos viários importantes desde o domínio romano, e fazia parte de um itinerário compostelano. Não se lhe conhece foral velho, mas era já concelho no século XIII, tendo recebido foral novo de D. Manuel em 1517. Foi extinto em 1836, e integrado na Póvoa de Varzim.
Do notável passado histórico de S. Pedro de Rates restam marcas assinaláveis: a Igreja Românica (século XI-XIII), monumento nacional e exemplar muito estudado do românico português; o Pelourinho, também monumento nacional, símbolo da antiga autonomia administrativa de Rates; a antiga Câmara (século XVIII), edifício de excepcional beleza arquitectónica; um conjunto de quatro capelas, construídas ao longo dos séculos XVII e XVIII, sendo de salientar, pela sua imponente arquitectura barroca, a do Senhor da Praça, sita no centro cívico da povoação e parte principal dum bem conservado centro histórico que se prolonga por toda a Rua Direita, onde tinham residência a fidalguia e a burguesia locais.
Realce ainda para o Ecomuseu que propõe aos visitantes um percurso pedonal de cerca de oito quilómetros e com oito estações. Uma viagem no tempo e no espaço onde a herança cultural e patrimonial desta região desfila perante os olhos do visitante. Um percurso polvilhado de edifícios históricos, igrejas, fontanários, lavadouros, caminhos rurais, casas de lavoura e até muros de xisto, onde se seguem os trilhos do pão, da água, do vinho e do linho.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Capela São Frutuoso de Montélios (Braga)


A pequena capela de São Frutuoso de Montélios deve a sua existência a São Frutuoso, bispo de Dume e Braga durante a época visigótica, que aqui escolheu ser sepultado no século VI. À sua volta existia um conjunto monástico bem maior, centro religioso da região neste período, mas que terá sucumbido muito provavelmente no início do século XVI quando se procederam às obras de reedificação do Mosteiro por parte dos franciscanos.
Único elemento de todo esse conjunto original que chegou até aos nossos dias, a Capela de São Frutuoso constitui um testemunho ímpar da Alta Idade Média em território português. O seu interior pode-se considerar como um verdadeiro exemplar da arquitectura islâmica. A primitiva edificação de época visigótica seguiu um modelo orientalizante (ravenaico-bizantino), vigente na capital do reino, Toledo: planta em cruz grega; exterior decorado com arcos cegos, alternadamente de volta perfeita e em mitra; torre quadrangular sobre o cruzeiro, com cobertura em quatro águas. É considerado o edifício mais bizantino de toda a Península Ibérica.



Acessos: EN 201, saída de Braga em direcção a Ponte de Lima; a capela está localizada em São Jerónimo de Real, Lugar de Montélios.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Mosteiro Flor da Rosa (Crato)


Fundado no século XIV pelo prior D. Álvaro Gonçalves Pereira (cujo túmulo jaz no interior da igreja), o complexo é composto por três edificações distintas, que se interpenetraram ao longo do tempo: paço acastelado gótico, ampliado na centúria de quinhentos, que lhe conferiu o prospecto actual renascentista e mudéjar; igreja-fortaleza gótica e manuelina, de nave única de grande altura e largo transepto e cabeceira pouco profunda; e dependências conventuais renascentistas e mudéjares.
A Pousada Flor da Rosa, hoje hotel de luxo, soube potenciar ao máximo as características mais genuínas do monumento e pode considerar-se como uma intervenção arquitectónica brilhante que, para além de ser moderna, soube respeitar integralmente as suas orígens. O arquitecto Carrilho da Graça foi o responsável pelo projecto.
Em 1340, verificou-se a mudança da sede da Ordem do Hospital, de Leça do Balio, ou de Belver, para o Crato. Data do ano seguinte um documento que prova a intenção de D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior da ordem, fundar uma capela no termo do Crato.
A partir do século XVI a Ordem do Hospital passou a denominar-se Ordem de Malta, nome que ainda hoje conserva.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pateira de Fermentelos (Águeda)


A Pateira de Fermentelos é uma lagoa natural, localizada no triângulo Águeda, Aveiro, Oliveira do Bairro, antes da confluência do Rio Cértima com o Rio Águeda, pertencendo na sua parte Sul ao Concelho de Águeda (freguesias de Ois da Ribeira, Espinhel e Fermentelos).
Considerada uma zona húmida de elevada riqueza ecológica, a Pateira de Fermentelos desde cedo se tornou um sistema em que as actividades humanas se integravam perfeitamente na sua dinâmica, permitindo assim a manutenção da lagoa. A prática de uma agricultura drenante e a recolha constante do moliço (para posterior utilização como adubo natural), permitiu a manutenção de uma significativa superfície livre de água e impediu o avanço do pântano. Este equilíbrio, entre a actividade agrícola e a recolha do moliço, conduziu a uma paisagem humanizada de elevada organização e diversidade, na qual a lagoa atingia a sua maior dimensão.
As suas margens são de grande beleza paisagística. Devido à quase nula apanha do moliço e aos detritos arrastados pelas águas que a alimentam, entrou em acelerado processo de assoreamento, emergindo já alguns cabeços e ínsuas cobertas de vegetação. O seu nome - Pateira - vem da regular presença de enormes bandos de patos-bravos, durante as migrações periódicas destas aves.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Aldeia típica de José Franco (Ericeira)



Homenagem

No Sobreiro, meio caminho entre Mafra e Ericeira, José Franco recupera os usos e os costumes das gentes do concelho. Paragem obrigatória numa das “aldeias” mais famosas do mundo - saloia, do início do século XX.
Sete décadas a trabalhar o barro, José Franco não se coibiu de fazer renascer a sua velha sala de aulas, com as pequenas mesas em madeira, o imponente armário da professora, a ardósia; na loja do barbeiro-dentista um freguês submete-se a um corte de barba, na mercearia a Ti Helena serve um copo de vinho… ambientes a convidarem a viagens no tempo. Retratou cenas da vida quotidiana e profissões da época protagonizadas por bonecos mecanizados.
Afastado de aldeia por motivos pessoais e familiares, José Franco realizou algumas das suas últimas peças no lar onde vivia. O mestre tinha um grande sonho que era criar uma escola de formação para crianças e jovens do Sobreiro. O outro desejo era criar uma fundação que preservasse o seu espólio mas a família era contra.
Faleceu com 89 anos devido a complicações na sequência de uma queda que levou ao seu internamento no hospital.
Segundo Jorge Amado, "um português que nasceu com o dom misterioso da beleza e a distribui como um bem de todos". Um bem haja...

Ver artigo de opinião: "O artista do barro"

domingo, 12 de abril de 2009

Lindoso (Ponte da Barca)



O lugar estratégico que é Lindoso, esteve sempre relacionado com a defesa de passagem pela portela da Serra Amarela e pelo Vale do Cabril, e respondendo no princípio da formação de Portugal, à concepção de uma cintura defensiva ao longo da raia confinante com o reino vizinho.
Prova desta importância histórica e militar é o seu imponente Castelo, fundado nos inícios do Séc. XIII e classificado monumento nacional, hoje um interessante espaço museológico.
O soberano rei D. Dinis gostou tanto do castelo pela primeira vez que lá se deslocou, que repetiu a visita mais algumas vezes. Diz a lenda: "Tão alegre e primoroso o achou, que logo Lindoso se chamou".

A aldeia é composta por típicas casas antigas de granito, subsistindo ainda em algumas instalações agrícolas a pitoresca cobertura de colmo. Junto ao Castelo de Lindoso existe uma eira composta por 50 espigueiros dos séc. XVII e XVIII, apresentando um aglomerado único no país e de rara beleza. Inteiramente de pedra, cada exemplar apoia-se em vários pilares curtos, assentes na rocha e encimados por mós ou mesas. Sobre eles, repousa o espigueiro que tem uma cobertura de duas lajes de granito unidas num ângulo obtuso, ornamentado nos vértices com cruzes protectoras, que também servem para arejar o espigueiro. Alguns dos espigueiros têm dois andares.

A Citânia de Cidadelhe situa-se a 100 metros do lugar de Cidadelhe. Tratam-se de vestígios arqueológicos de uma citânia situada numa plataforma sobre o Rio Lima. Historiadores situam aqui a cidade romana de Bretalvão ou Flávia Lambria.

Vilarinho das Furnas (Terras de Bouro)


Foto gentilmente cedida por Homem ao Mar



Vilarinho das Furnas era uma pequena aldeia da freguesia de S. João do Campo, situada no extremo nordeste do concelho de Terras de Bouro, distrito de Braga, na Peneda-Gerês, vizinha de Espanha.
A sua origem perde-se na bruma dos tempos. Segundo uma tradição oral, contada pelos mais antigos, teria começado a sua existência por ocasião da abertura da célebre estrada da Geira, que de Braga se dirigia a Astorga, num percurso de 240 Km, e daqui a Roma. Teve foral em 1218. As difíceis condições da sua subsistência levaram a uma intensa vida comunitária.
À data da sua morte, em 1972, devido à construção da barragem, ainda havia o forno comum e as vezeiras ou pastoreio comum. Mas subsistiam outras práticas, como a assembleia de vizinhos.
Nos anos de maior seca, quando se esvazia a albufeira, é possível visitar as ruínas da aldeia submersa, cuja memória ficou perpetuada através do Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Vilarinho de Negrões (Montalegre)

Foto gentilmente cedida por Ricardo Alves

Na margem sul da Albufeira do Alto Rabagão encontra-se Vilarinho de Negrões, uma das aldeias mais pitorescas de toda a região, pelo seu casario ainda relativamente preservado e, acima de tudo, por se encontrar sobre uma estreita e bela península - um pedacinho de terra poupado à subida das águas. Vilarinho é assim uma terra que se vê diariamente ao espelho e se distingue à distância pela sua perfeita simetria, uma espécie de Jardim do Éden português.
Perto, situa-se a freguesia de Negrões, alma gémea, que possui um forno todo em granito. É um monumento a contrastar com canastros esguios, onde o milho e o centeio se conservam.
Prepare-se, a região do Barroso é diferente de tudo aquilo que alguma vez já viu!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Castro Laboreiro (Melgaço)


A freguesia de Castro Laboreiro, localizada no planalto com o mesmo nome, em plena serra, numa extensa área dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês, dista vinte e cinco quilómetros da sede do concelho.
O seu nome vem de duas palavras Castrum: Castro – povoação fortificada pelo povo castrejo, de raça celta, que, depois do seu nomadismo durante milhares de anos nos planaltos, vivendo da caça e da pesca, e depois do pastoreio, se fixou nos outeiros para ali viver em comunidade e se defender das tribos invasoras, desde quinhentos anos antes de Cristo até ao século VI da era cristã. Laboreiro – do Latim “Lepus”, leporis, leporem, leporarium, lepporeiro, leboreiro.”
O castelo de Castro Laboreiro, está construído no alto de um monte, a 1 033 metros acima do nível do mar, com difícil acesso, numa região que tem vestígios da ocupação humana desde a pré-história.
O rio Laboreiro ajuda também à composição de todo um conjunto de extraordinária beleza, serpenteando serra abaixo, até se juntar ao rio Lima. Ligando as suas margens, permanecem as pontes que as várias civilizações que por aqui passaram foram construindo ao longo dos tempos.
Castro Laboreiro foi vila e sede de concelho desde 1271 até 1855. Teve tribunal, paços do concelho e cadeia, bem como alcaide e governador do castelo.
Tratando-se de uma raça pura, dócil e altiva, os mundialmente famosos cães de Castro Laboreiro são, desde o século VIII, motivo de orgulho do seu povo. É uma raça mastim de grande porte, nativa desta região montanhosa.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mosteiro de Pitões das Júnias (Montalegre)



Mosteiro de Pitões das Júnias ou de Santa Maria de Júnias, fica entalado num vale, por onde corre o rio Campesinho. Não tem data definida para a sua fundação, mas presume-se que se situe no final do século IX, quando eremitas se estabeleceram nesta região, vindo depois a organizarem-se em comunidades.
Durante a Guerra da Restauração da independência portuguesa, depois de 1640, um ataque do exército espanhol à aldeia de Pitões, terminou com um incêndio que deixou o mosteiro em ruínas, com excepção da igreja. O convento viria a ser recuperado e já no século XVIII, há informação que dá conta de obras importantes na zona conventual, todavia com a extinção das ordens religiosas, em 1834, o convento é abandonado e alguns anos depois deflagra um incêndio que apenas deixa a igreja de pé.
Deste pequeno convento, restam as paredes dos principais compartimentos a algumas arcadas do claustro, a igreja tem ainda o telhado, mas apresenta um aspecto de abandono, apesar de já terem sido feitas obras pela Direcção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais.
Chega-se ao mosteiro por um caminho de pé posto, a partir do cemitério de Pitões.

terça-feira, 31 de março de 2009

Mosteiro de Leça do Balio (Matosinhos)


Classificado como monumento nacional, este imóvel medieval é considerado um dos melhores exemplares arquitectónicos existentes no país, de transição do estilo românico para o gótico. Com origem anterior ao séc. X, foi posteriormente (séc. XII) a primeira casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta em Portugal. Da construção românica resta apenas, nas traseiras da igreja, uma ala incompleta do claustro, um portal e uma janela com decoração vegetalista. Foi reedificado no séc. XIV, segundo o modelo das igrejas fortaleza. A fachada principal de estilo gótico, com ampla rosácea radiada e rematada por uma cruz da Ordem de Malta, possui torre de menagem de traça românica, coroada de ameias. No interior, dividido em três naves, podemos admirar a capela-mor com abóbada de nervuras, a capela de Nossa Senhora do Rosário ou do Ferro e os túmulos de vários cavaleiros e frades, destacando-se a arca tumular de Frei João Coelho, Grão-Mestre da Ordem, com estátua jacente da autoria de Diogo Pires, o Moço, bem como a pia baptismal, cuja base é decorada por animais exóticos. No exterior, o Cruzeiro é também da autoria do mesmo mestre coimbrão. Foi neste Mosteiro que o rei D. Fernando casou com D. Leonor de Teles

domingo, 29 de março de 2009

Igreja de Castro de Avelãs (Bragança)


O nome do pequeno povoado de Castro de Avelãs, 3 Km a oeste de Bragança, está intimamente relacionado com o Mosteiro beneditino de São Salvador, referenciado, pelas gentes, como Mosteiro ou Igreja de Castro de Avelãs.
Localizado, na margem esquerda de um pequeno rio, num extenso vale e terra fértil e água abundante foi crescendo sob a protecção de D. Afonso Henriques. As primeiras referências escritas ao monumento datam, pelo menos, de “29 de Julho de 1145”. A data da sua fundação continua pouco clara e o ano de 667 tem aparecido como data hipotética. Da glória do passado apenas resta a cabeceira da Igreja datada da primeira metade do século XIII, um dos poucos vestígios que teimam em resistir à negligência e ao desgaste natural do tempo.
Conserva traça românica onde se cruzam elementos barrocos. A cabeceira apresenta características raras em Portugal: totalmente revestida a tijolo, em estilo românico-mudéjar, rematado por fiadas em ziguezague.

sábado, 28 de março de 2009

Castanheiro de Lagarelhos (Vinhais)



Em pleno Nordeste Transmontano, na Aldeia de Lagarelhos, freguesia de Vilar de Ossos, Vinhais, encontra-se um dos castanheiros com maior perímetro de Portugal.
Está classificado desde o ano 2000 como Árvore de Interesse Público. Tem uma copa com mais de 17 metros de diâmetro e o seu tronco à altura do peito (i.e. a 1,30m de altura), tem um perímetro de 12,80m. Impressionantemente, apesar da idade, continua a produzir bastantes castanhas.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Penha Garcia (Idanha-a-Nova)


Considerado por muitos o "presépio" da Beira, Penha Garcia situa-se na encosta da Serra com o mesmo nome, ramificação da Serra da Malcata e na margem direita do rio Pônsul.
Trata-se de uma povoação muito antiga, com povoamento neolítico, foi castro Lusitano e povoação Romana. Depois da Reconquista, D. Afonso III atribui-lhe foral e doa Penha Garcia à Ordem de Santiago para que esta efectuasse a fortificação da zona. Tal não veio a acontecer e D. Dinis retira-se dessa ordem a favor da Ordem do Templo e posteriormente, para a Ordem de Cristo. Foi couto do reino e de homiziados, até ao séc. XVIII e sede de concelho até 6 de Novembro de 1836.
Do castelo, edificado pelos Templários sobre o castro romano, restam fragmentos de muralhas em bom estado de conservação. A partir daqui, desfruta-se de uma vista sobre toda a campina Raiana, barragem e Vale Feitoso, que de certo jamais esquecerá.
As ruas labirínticas compostas por pequenas casas de xisto e de gorrão estão cobertas de flores. O Pelourinho do reinado de D. Sebastião, o canhão que jaz à soleira da porta, a Igreja Matriz que guarda no seu interior uma verdadeira jóia - a imagem de Nossa Senhora do Leite (de 1469) esculpida em calcário de ançã, o esplêndido pão caseiro e os bolos de azeite (bicas), são outros dos atractivos desta bonita freguesia.
As fragas da Serra de Penha Garcia são um verdadeiro oásis para os paleontologistas, geólogos e apaixonados da natureza pois, facilmente encontramos inúmeros fósseis marinhos. A água da barragem de Penha Garcia é de excelente qualidade e é uma das que abastece todo o concelho.

sábado, 21 de março de 2009

Ribeira da Foupana (Alcoutim)


A Ribeira da Foupana, insere-se na unidade de paisagem Rio Guadiana e Ribeiras adjacentes. Nesta linha de água de excepcional valor cénico paisagístico, pode-se observar um vale aberto, com várias curvas que a Ribeira descreveu para continuar o seu curso natural até à foz. Divide o Concelho de Alcoutim do Concelho de Castro Marim e é um dos principais afluentes do Rio Guadiana. Em tempos, as margens da Ribeira foram muito aproveitadas para a edificação de azenhas, uma vez que era necessário transformar os cereais em farinha. Um Algarve desertificado, menos conhecido e muito mais sossegado.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Fortaleza de Juromenha (Alandroal)


D. Dinis elevou Juromenha a vila e tornou-a sede de concelho. As muralhas de taipa do período islâmico foram reforçadas com a construção de 17 torres quadrangulares, possuindo a de menagem de 45 metros de altura. Os casamentos de Afonso IV de Portugal com Beatriz de Castela e de Afonso XI de Castela e Maria de Portugal aqui se realizaram. Parte do castelo foi destruída em 1659 em consequência de uma explosão do paiol. Em 1662, João de Áustria, toma a praça, vitória tornada inútil pelos sucessos das armas portuguesas nas batalhas de Ameixial, 1663, e Montes Claros, 1665. Aos nossos dias chegaram troços das muralhas dos séculos XIII e XVII, ruínas dos Paços do Concelho, da Casa do Governador, e da torre de menagem. Barbacãs medievas, baluartes seiscentistas, fossos, guaritas e canhoneiras continuam a dominar a margem direita do Guadiana, agora muito engrossado pelo enchimento da barragem de Alqueva.
A Câmara de Alandroal vai avançar, em parceria com privados, com uma iniciativa que contempla a recuperação da fortaleza e vai criar infra-estruturas para acolher turistas, num investimento de 20 milhões de euros que abrange a construção de uma pousada, restaurante panorâmico com instalações para acolher congressos, posto de turismo, lojas e 71 habitações de turismo em espaço rural.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Solar de Mateus (Vila Real)


O Palácio de Mateus é uma casa solarenga de grande elegância e uma das maiores expressões da arquitectura civil do Barroco nortenho, possuindo ainda belos jardins e extensas propriedades vinículas circundantes.
Data de 1619 a sua construção original, mas o palácio actual está ligado à pessoa de António José Botelho Mourão, seu proprietário em 1721, sabendo-se por documentação coeva que o renovado palácio foi concluído em 1750 pelo seu filho, D. Luís António Mourão.
Robert Smith atribuiu ao arquitecto italiano Nicolau Nasoni a responsabilidade pelo projecto do Solar de Mateus. De acordo ainda com este historiador de arte, Nasoni terá remodelado um palácio já construído, pois as compridas e planas alas configuram-se de modo diferente face à exuberância do pátio da entrada.
O edifício é constituído por três corpos, sendo o central recuado. A fachada principal apresenta grandes janelas com frontões triangulares simples e outros ondulados e interrompidos por concheado. Num dinâmico jogo barroco, o arquitecto recorre ao contraste entre superfícies côncavas e convexas, com formas ascendentes e descendentes, balaustrada convergente e divergente. As linhas túrgidas horizontais são interrompidas por um coroamento de estátuas de vulto perfeito e pináculos, acentuando as linhas verticais do conjunto. Exuberância e requinte dos pormenores esculpidos, combinando com a artificiosa e engenhosa escadaria dupla, compõem o conjunto nobre da fachada solarenga.
A entrada dá acesso a uma sala central, daí divergindo para os quartos e demais dependências do solar. Os seus interiores, dispostos de modo a proporcionar maior privacidade, apresentam excepcionais tectos forrados por painéis trapezoidais em madeira. De grande qualidade é o mobiliário que decora os vários compartimentos da casa.
Os jardins, delineados com verdejante buxo e pontuados por canteiros florais, estão magnificamente arranjados, proporcionando a série de terraços adjacentes agradável visão sobre os vinhedos em redor.

terça-feira, 17 de março de 2009

Santuário N. Srª do Cabo Espichel (Sesimbra)


Situado num penedo, desde o séc. XV, data da sua construção, o local era rodeado por casas para os romeiros, em volta da Ermida da Memória. Devido à grande afluência de peregrinos foi sofrendo obras de ampliação. O santuário de cunho arquitectónico regional setecentista, forma um monumental conjunto constituído pelo alinhamento de dois corpos de hospedarias, que enquadram a igreja, de aspecto sóbrio. Na decoração do interior é visível a utilização de mármores da Arrábida e madeira do Brasil.

domingo, 15 de março de 2009

Portas de Ródão (Vila Velha de Ródão / Nisa)



As Portas de Ródão, onde o Tejo, o mais importante rio da Península Ibérica, corre entrincheirado, submisso, entre gigantes quartzíticos pré-históricos, servem de habitat para a maior colónia de grifos do país, são um local privilegiado para a investigação de fauna e avifauna, onde podem ser observadas 116 espécies de aves, muitas delas consideradas em vias de extinção e algumas raras, das quais se destacam a cegonha-preta, milhafre real, abutre-preto, águia perdigueira, narceja, bufo-real, ferreirinha-serrana e papa-moscas.
Como se trata de uma zona com baixa densidade populacional, nas portas de Ródão é ainda possível observar animais selvagens, como o javali, o veado, a raposa, o ginete, a lebre, o coelho, o saca-rabos, o gato bravo e as lontras. Quanto aos peixes também são diversas as espécies que predominam, destacando-se o Barbo, a Boga, a Carpa, Lúcio, Achigã, Enguia, Perca, Tença, Lagostim, o Sável e o Bordalo.
O acesso para este monumento natural é feito pela A 23 com saída em Vila Velha de Ródão.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Drave (Arouca)


Drave é uma típica aldeia localizada entre as Serras da Freita e de São Macário, de meia encosta, dominante sobre três pequenos cursos de água (rio de Palhais e ribeiros da Bouça e do Ribeirinho) e preservada patrimonialmente pelo isolamento a que foi votada durante séculos. Cerca de vinte casas, a maioria já arruinada, dispõem-se ao longo de uma vertente da encosta, formando um núcleo de povoamento escalonado, comunicante por apertadas ruas de traçado sinuoso. Numa plataforma artificial, sensivelmente a meio da aldeia, sobressai o único edifício caiado, a capela, que é de modestas proporções, de nave única com capela-mor inscrita e um só registo, sendo a fachada principal dominada pelo portal axial, terminando em empena triangular. Rodeado de altos montes, Drave é um lugar mítico. A visão que do estradão se tem do povoado lá no fundo, é surpreendente.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Palácio da Brejoeira (Monção)


Considerado um dos mais imponentes solares do Norte do país, o palácio da Brejoeira beneficia, ainda, da mata e jardins envolventes, que lhe conferem um estatuto singular no campo da arquitectura civil portuguesa. Edificado no início do século XIX e concluído, ainda que parcialmente em relação ao projecto inicial, apenas 28 anos mais tarde, este imóvel reveste-se de especial importância por representar "o encontro entre dois estilos - o barroco e o neoclássico"
Actualmente, é nos seus terrenos agrícolas que se cultiva a casta nobre "Alvarinho", responsável pela produção de um dos mais importantes vinhos verdes da região.