segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Entrudo de Podence (Macedo de Cavaleiros) 14 a 16 Fevereiro



A aldeia de Podence, no Nordeste Transmontano, a 7 km de Macedo de Cavaleiros, é especialmente conhecida por uma tradição muito própria, relacionada com o Entrudo. Os chamados Caretos de Podence, rapazes envergando fatos de cores garridas e máscaras de madeira, couro ou lata, pintadas de cores vivas, onde sobressai o nariz pontiagudo.  As suas vestes são confeccionadas a partir de colchas franjadas de lã ou de linho, verde, azul, preta, vermelha e amarela. Os "caretos" saem à rua no Domingo e na Terça-feira, ao som dos bombos e da gaita-de-foles. Com um ar rebelde e atrevido, proporcionam muita animação, mas também chocalham as raparigas solteiras que apanham na rua, correm atrás das mulheres – principalmente das novas e solteiras – para «chocalhá-las», isto é, para abraçá-las lateralmente e com movimentos rápidos de semi-rotação da cintura fazer com que os chocalhos que transportam à cinta lhes batam repetidamente nas nádegas. Fazem parte de uma tradição secular transmontana, que se julga estar associada a práticas mágicas, relacionadas com os cultos agrários da fertilidade. Os mascarados assinalam a chegada dos dias maiores, do calor, bem como os exageros que antecedem a Quaresma, um período de calma, reflexão e contenção do calendário religioso.

Como os trajes dos caretos são reservados, apenas, ao sexo masculino, as raparigas vestem-se de marafonas para saírem à rua disfarçadas no dia de Carnaval. Neste ritual pagão, as praxes do Carnaval de Podence obrigam a que as crianças do sexo masculino (até aos 11, 12 anos) se mascarem como réplicas dos «caretos» adultos, embora menos elaboradas e se comportem à sua semelhança. Conhecidos por «facanicos», acompanham, nas suas andanças e brincadeiras, o grupo dos rapazes solteiros. Certamente, a forma encontrada para que a figura dos «caretos» não se perca, antes se reforce no objectivo de preservar e garantir a continuidade desta tradição carnavalesca.

Ainda não há muitos anos, as pessoas punham trancas às portas e janelas, assustadas com o que lhes podia acontecer.











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