domingo, 31 de maio de 2009

Pedra da Ursa (Sintra)



A Pedra da Ursa, bem como as outras ilhotas rochosas sobranceiras a esta praia são calcários jurássicos.
Os mais desatentos nem dão por ela, mas na estrada para o Cabo da Roca, uma velha placa de pedra indica o caminho de terra para a Ursa. A estrada, cheia de buracos e pedras pontiagudas, é um primeiro aviso para o que vem a seguir. Protegida por altas falésias e um acesso perigoso o suficiente para a manter a salvo de grandes enchentes, a Ursa é um verdadeiro tesouro para quem gosta de sossego e isolamento, impossível de conseguir nas praias vizinhas de Sintra e de Cascais. A estrada de terra termina num local ermo com vista para o mar e para chegar ao areal, desde o alto, é ainda necessário caminhar cerca de dois quilómetros, pelas estreitas e escorregadias veredas que sulcam a encosta. O percurso demora cerca de uma hora, a que se acrescentam mais 90 minutos para o regresso, porque a subir custa mais. Aconselha-se o uso de calçado desportivo, bem como bastante cautela nos troços com pedras soltas. Uma vez chegados lá abaixo, a vista é assombrosa, com as colossais pedras da Ursa e Gigante, dois enormes monolitos naturais que se erguem do mar, a dominarem toda a paisagem. Durante a maré baixa, é possível explorar as enseadas da Palaia (a sul) e a do Pesqueiro do Abrigo (a norte). Entre elas, estende-se um areal com cerca de 50 metros, quase só frequentado por pescadores à linha e adeptos do naturismo.
Uma lenda conta que há muitos milhares de anos, quando a terra estava coberta de gelo, aqui vivia uma ursa e seus filhotes. Quando o degelo começou, os Deuses avisaram todos os animais para abandonarem a beira-mar, mas a ursa, teimosa, recusou-se pois ali tinha nascido e ali queria ficar. Os Deuses enfurecidos transformaram a ursa em pedra e os seus filhotes em pequenos calhaus dispersos à volta da mãe e ali ficaram para sempre dando assim o nome à praia.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Parque de Monserrate (Sintra)



O Parque de Monserrate constitui um dos mais notáveis exemplos de jardins românticos em Portugal, fruto das contribuições dos seus proprietários e arrendatários que, desde os finais do século XVIII, o foram enriquecendo sucessivamente.
Os primeiros registos de Monserrate remontam a cerca de 10 séculos atrás, época da ocupação muçulmana da Península Ibérica. Já em meados do século XVI, a propriedade pertencia ao Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa, cujo reitor, o abade Gaspar Preto, se deixou encantar pela virgem negra de Monserrate, na Catalunha. Então, mandou fazer uma estátua da santa e erigir uma pequena capela para albergá-la, no lugar onde está hoje o Palácio.
Em 1856 a quinta de Monserrate é comprada à família Mello e Castro por Francis Cook, um milionário inglês, comerciante de têxteis que manda refazer o palácio, agora ao gosto neo-mourisco, e que cria um notável jardim paisagístico, inspirado pelo romantismo inglês.
Todo o edifício consiste numa delicada obra de arte: desde os relevos das paredes aos preciosos painéis de alabastro, passando pela engenhosa escadaria até às abóbadas “rendilhadas”, por detrás das quais eram colocados painéis coloridos para criar jogos cromáticos a partir da luz do sol. A construção é perfeitamente simétrica e milimetricamente alinhada com os pontos cardeais; de tal forma que, mesmo em pleno inverno, não era necessário aos seus habitantes o recurso ao sofisticado sistema de aquecimento central.
Monserrate oferece-nos hoje a possibilidade de fruição de um ambiente característico de um jardim romântico à inglesa, para além da contemplação de um património arquitectónico de referência e o conhecimento de inúmeras espécies botânicas de grande notoriedade.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Quinta da Regaleira (Sintra)



O Palácio da Quinta da Regaleira foi construído no início do séc. XX pelo milionário António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920) que aqui conseguiu concretizar um dos seus sonhos, com a ajuda do arquitecto cenógrafo Luigi Manini (1848-1936), responsável também pelo Palácio do Buçaco. Envolvido por uma vegetação luxuriante, o Palácio da Regaleira é uma descoberta fascinante.
O Palácio foi construído em estilo romântico revivalista recuperando formas arquitectónicas e decorativas góticas, manuelinas e renascentistas, misturadas com simbologia mítica e esotérica. Está rodeado de jardins românticos, fontes e grutas ricamente adornadas escavadas na terra, que se cruzam com riachos e minas de água. Porém, o complexo sistema de túneis que nos leva ao Poço Iniciático e termina na espectacular cascata é sem dúvida o ponto mais interessante da Quinta.
Lembra-se do Indiana Jones em busca do Templo Perdido? Vem a propósito, porque a porta do Poço Iniciático é na verdade uma grossa fatia de parede circular que gira sobre si mesma para nos revelar a entrada do local. São 27 metros de profundidade que terminam num bonito chão de mosaico, o qual tem uma estrela de oito pontas gravada, a estrela dos Templários. As paredes exteriores do Poço são de pedra e encontram-se cobertas de musgo que se enrolam em espiral até ao fundo, pois são 135 degraus e nove lanços de 15 degraus cada.
O cunho maçónico não é consensual, e até os próprios guias admitem outras interpretações para os sinais que se encontram, que têm diversos significados também no mundo cristão e isotérico.


domingo, 24 de maio de 2009

Azenhas do Mar (Sintra)


Verdadeira obra-prima da arquitectura popular, esta aldeia estende-se em socalcos pela arriba acima. O casario, quase todo pintado de branco, enquadra uma pequena baía onde foi construída uma piscina oceânica escavada na rocha. É uma povoação muito antiga, cujas origens se perdem na memória dos tempos. Datam provavelmente do período da ocupação Árabe os primeiros moinhos de água, as populares Azenhas, que deram nome à povoação. O Miradouro das Azenhas do Mar está construído sobre arribas que descem sem medo até ao Oceano. É um local muito frequentado tanto no Verão como no Inverno, pela grandiosidade da vista que proporciona. Ali, pode apreciar-se o Oceano Atlântico em todo o seu esplendor apesar de o seu areal não ultrapassar os 30 metros, e mesmo esses escassos metros dependem muito do Inverno, pois é ele que determina a extensão do areal todos os anos.

sábado, 23 de maio de 2009

Cidadela de Cascais


Em finais do século XV foi mandada construir por D. João II uma torre, que tornasse mais eficaz a defesa de Lisboa e respondesse aos desmandos da pirataria. Esta foi ampliada para uma fortaleza nos finais do século XVII e reconstruída após o terramoto de 1755 para proteger a enseada de Cascais. Em 1871 D. Luís adaptou a parte da cidadela a residência de Verão da família real, passando, em 1963, a residência de Verão do presidente da República. No interior do forte existe ainda a capela de Nossa Senhora da Vitória. Aqui está também instalado o núcleo principal do Museu Municipal de Cascais e um pequeno museu de artilharia ao ar livre.
O conjunto da Cidadela de Cascais, incluindo o Forte de Nossa Senhora da Luz, a Torre de Santo António de Cascais, e toda a parte fortificada que está compreendida entre a Ponta do Salmodo e o Clube Naval de Cascais, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Penela


Etimologicamente, o termo Penela, é, segundo o antiquário Santa Rosa de Viterbo, diminutivo de Peña, Pena ou penha, e significava na Baixa Latinidade, o cabeço, monte ou rochedo.
À História de Penela crê-se estarem ainda associadas as passagens sucessivas dos Vândalos, destruidores da fortaleza construída pelos Romanos; dos Mouros, que tomaram o Castelo de Penela no séc. VIII e das tropas de Fernando Magno (Rei de Leão), tendo a fortificação ficado sob o poder do Conde D. Sesnando, primeiro Governador de Coimbra (depois da Reconquista em 1064), a quem se deve a construção de um forte castelo medieval no interior da fortaleza moura já existente.
O Castelo de Penela, ergue-se sobre um penhasco e é, depois do de Montemor-o-Velho, o mais amplo e forte que resta da linha defensiva do Mondego.Tendo em atenção estudos feitos aos vestígios existentes, é de crer que na origem do Castelo de Penela estivesse um Castro lusitano posteriormente aproveitado pelos Romanos aquando da sua conquista, no século I A. C.
A Igreja de S.Miguel, situada no seu interior, é já o resultado de obras da segunda metade do século XV. Mas o casco medieval de Penela também merece uma visita: por entre o casario pode descobrir-se o Pelourinho Manuelino e a Igreja Renascentista de Stª Eufémia ou o belíssimo Largo da Misericórdia com a sua Igreja. Em Setembro, por ocasião da Feira de S. Miguel, compram-se nozes e mel. Mas na Primavera o queijo do Rabaçal fica, como diria Eça de Queirós, redondo e divino. As tibornadas acompanhadas de um óptimo vinho das Terras de Sicó devem também entrar na ementa.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Forca de Freixiel (Vila Flor)



Na freguesia de Freixiel, conserva-se ainda hoje a insólita, mas historicamente muito importante, silhueta da antiga forca, vestígio aparentemente único na Península Ibérica. Está implantada numa pequena elevação nos arredores da localidade, na vizinhança do campo onde, segundo a tradição, seriam sepultados os enforcados, a quem estaria vedado o enterramento em solo consagrado. O monumento é constituído pelos dois pilares verticais que sustentariam um elemento horizontal, sendo estes formados por blocos de granito toscamente aparelhados, com cerca de 3 metros de altura, rematados por singelos cones. O elemento horizontal em falta era geralmente a trave de suspensão do laço, embora a presente forca seja provavelmente de garrote. De facto, a distância a que os orifícios do topo ficam, quer do solo, quer do estrado de madeira que supostamente completaria o conjunto (conforme marcas de desbaste na base dos pilares), é insuficiente para o estrangulamento por suspensão. O estrangulamento por garrote foi, de resto, muito usado em toda a Península desde a Idade Média.

Acessos: EN 314 de Vila Flor para Abreiro, cruzamento à esquerda para Freixiel. A forca fica fora da aldeia, numa pequena colina atrás da igreja.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Alpedrinha (Fundão)

"Sintra da Beira"

Quando se chega a terras beirãs, é um prazer seguir o caminho até Alpedrinha. A frescura da paisagem e a arquitectura granítica constroem um quadro tão característico que apetece guardar na memória por tempos e tempos. Por se situar a vila numa encosta da serra da Gardunha o ar é completamente puro. É de encher os pulmões vezes sem conta até chegar o cansaço proveniente de tal exercício.
De fundação pré-histórica, enquadrada entre pinheiros e pomares, a cerca de 500 metros de altitude, Alpedrinha foi posteriormente atravessada por uma via romana que ainda hoje lá se encontra. Vários achados arqueológicos (moedas, fragmentos de pedras) atestam a presença de povoamento romano na zona, então baptizada de "Petratinia".
Apresenta como pontos de interesse as Fontes da Fome e de Leão e o pelourinho, ou Lugar da forca, a antiga Casa da Câmara e diversas casas solarengas. O Monumental Chafariz de D. João V (imagem principal), ou Fonte das Sete Bicas, também é outro motivo de visita. Em granito, como não poderia deixar de ser, tem como remate uma coroa com as armas reais. Diz uma inscrição que foi construído “para felicidade da pátria”, já que as águas eram “explêndidas”. Diz-se que a da esquerda está destinada às crianças e solteiros, a do centro aos casados, e a da direita aos viúvos e bruxas. Diz-se também que quem prova desta água e não é da terra, voltará mais tarde a Alpedrinha. É uma questão de experimentar para saber se é verdade.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Ançã (Cantanhede)


De origens remotas, atribui-se a fundação do povoado original a oito monges italianos enviados pelo patriarca do Ocidente, S. Bento, no século VII.
Terra conhecida pela famosa pedra de Ançã, excelente para trabalhos artísticos, que se encontra nos mais importantes monumentos do País e do estrangeiro, foi utilizada desde a antiguidade por grande número de escultores. Pela vila passa a ribeira de Ançã, formada pelo caudal da grande nascente, denominada “Fonte de Ançã” que serviu durante séculos para o escoamento da pedra de Ançã até ao rio Mondego, e desde aí até ao mar, donde seguia em barcos para os diferentes destinos, no País e no Estrangeiro. O transporte inicial das pedreiras até à ribeira processava-se em carros de bois.
Nunca foi possível determinar com clareza a origem do bolo de Ançã, que acabou por se perder no tempo. Sabe-se apenas que o segredo foi transmitido de geração em geração, mantendo-se a fórmula baseada em ingredientes vulgares, como os ovos, a farinha, o açúcar e a margarina, e a necessidade de ser amassado à mão e cozido em forno a lenha, factores essenciais para garantir a sua qualidade. Os bolos de ovos, de cornos e o fino são as três variedades do bolo de Ançã que deliciam todos os anos os mais gulosos durante Feira do Bolo de Ançã.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Capela São Pedro de Balsemão (Lamego)


Perto das margens do Rio Balsemão, dentro de uma construção dos séculos XVII-XVIII, esconde-se um verdadeiro tesouro erguido por cristãos afoitos nos tempos em que o Corão era lei. A capela de São Pedro de Balsemão é um monumento tão relevante cientificamente quanto problemática é a sua cronologia e forma original.
Nos últimos cem anos, a historiografia divide-se em duas propostas cronológicas antagónicas: a época visigótica (séculos VI-VII) e a expansão do reino asturiano (séculos IX-X). Até ao momento, não foi possível confirmar qualquer destas sugestões.
De raro valor histórico e arqueológico, o templo, com três naves, possui duas peças do séc. XIV dignas de menção: uma escultura da Senhora do Ó esculpida em pedra de Ançã e o túmulo do Bispo do Porto D. Afonso Pires, esculpido em granito.
Quem lá entra transporta-se facilmente a um mundo distanciado e místico de que mal compreende os símbolos esculpidos nos capitéis ou nas enigmáticas figurações.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Monte São Félix (Póvoa de Varzim)


O monte de São Félix é o ponto mais elevado da serra de Rates, 202 m de altura, e situa-se na freguesia de Laúndos. Apesar da sua altura modesta, destaca-se na paisagem por ser uma elevação em frente a uma planície litoral. Ponto panorâmico privilegiado, daqui se pode observar toda a região e notar-se a sua diversidade marítima, campesiana e urbana.
O monte possui uma vista panorâmica sobre a cidade e as suas praias; a capela de São Félix; moinhos (alguns deles convertidos em residência de férias) e a Estalagem do mesmo. Não muito longe situa-se o Campo de Tiro de Rates.
Acredita-se que neste monte viveu outrora São Félix (o eremita), responsável por ter encontrado o corpo de São Pedro de Rates, primeiro bispo de Braga, que terá dado origem à igreja de São Pedro de Rates.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ponte da Boutaca (Batalha)


A versão actual foi construída em 1862 em estilo neogótico constituindo um dos monumentos mais importantes da arquitectura revivalista manuelina. Existem no entanto dados que apontam para uma primeira construção nos séculos XV e XVI, da autoria do mestre Boytac, responsável por algumas obras do Mosteiro de Santa Maria da Vitória.
É a única ponte do país que ainda mantém as casas de portageiro, frequentes no passado para a cobrança da passagem. A edificação da ponte original está ligada à construção do mosteiro, tudo indicando que o respectivo projecto e direcção das obras seriam da responsabilidade dos mesmos arquitectos.
O tapete da ponte centenária – monumento nacional desde 1982 –, que antigamente integrou o traçado Estrada Real de D. Maria I e mais tarde da Estrada Nacional n.º1, tem uma via em cada sentido de trânsito e a circulação está limitada a veículos com menos de 19 toneladas.
Esta ponte foi recuperada recentemente no âmbito de um protocolo assinado entre a Câmara Municipal da Batalha e o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR). Renasceu como espaço cultural ficando a edilidade a assumir as actividades de gestão corrente e de dinamização cultural, o que implicou a criação de um centro cultural de história e artesanato. Cada casa de portageiro tem uma vocação específica, direccionada para os diferentes escalões etários, mas com interligação entre todos os espaços. Haverá um espaço usado para a exposição de trabalhos infantis, outra terá artesãos, artistas e formadores afectos à Escola de Artes e Ofícios Tradicionais da Batalha. Está ainda contemplada a instalação de um mini-museu de carácter informativo e de um espaço juvenil para a prática de desenho, pintura, escultura e fotografia.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

São Pedro de Rates (Póvoa de Varzim)


A antiga povoação de São Pedro de Rates estava situada na confluência de vários eixos viários importantes desde o domínio romano, e fazia parte de um itinerário compostelano. Não se lhe conhece foral velho, mas era já concelho no século XIII, tendo recebido foral novo de D. Manuel em 1517. Foi extinto em 1836, e integrado na Póvoa de Varzim.
Do notável passado histórico de S. Pedro de Rates restam marcas assinaláveis: a Igreja Românica (século XI-XIII), monumento nacional e exemplar muito estudado do românico português; o Pelourinho, também monumento nacional, símbolo da antiga autonomia administrativa de Rates; a antiga Câmara (século XVIII), edifício de excepcional beleza arquitectónica; um conjunto de quatro capelas, construídas ao longo dos séculos XVII e XVIII, sendo de salientar, pela sua imponente arquitectura barroca, a do Senhor da Praça, sita no centro cívico da povoação e parte principal dum bem conservado centro histórico que se prolonga por toda a Rua Direita, onde tinham residência a fidalguia e a burguesia locais.
Realce ainda para o Ecomuseu que propõe aos visitantes um percurso pedonal de cerca de oito quilómetros e com oito estações. Uma viagem no tempo e no espaço onde a herança cultural e patrimonial desta região desfila perante os olhos do visitante. Um percurso polvilhado de edifícios históricos, igrejas, fontanários, lavadouros, caminhos rurais, casas de lavoura e até muros de xisto, onde se seguem os trilhos do pão, da água, do vinho e do linho.