sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Aldeia de Levadas (Castro Daire)


Foto de Helio - ARK
Artigo inspirado numa ideia do amigo Jotas

Em plena Serra de Montemuro, situa-se aldeia de Levadas, pertencente à freguesia de Cabril. É inteiramente constituída por casas de arquitectura tradicional, com paredes em granito e telhados em xisto. Contudo estamos numa aldeia fantasma. Aldeia fantasma pois já aqui não habita vivalma, o que transmite um encanto redobrado a esta povoação. O último habitante partiu há cerca de 8 anos.
Todo o pormenor nos enche a vista, desde a fonte ao canastro ou ao caminho murado coberto pela ramada em direcção aos moinhos. Só os geradores eólicos estragam a paisagem.
Hoje, a maior parte dos terrenos abandonados mantém um potencial turístico elevado.
Surgiram rumores de empresas interessadas em adquirir a aldeia, no sentido de a dinamizar, mas o projecto não teve pernas para andar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Convento de São Francisco (Santarém)




Em ruína depois de um incêndio em 1940, as obras de restauro que a seguir tiveram lugar nunca mais eram concluídas até que a Câmara Municipal de Santarém decidiu investir no edíficio abrindo-o à população no dia 24 de Julho deste ano. As portas do convento tornarão a fechar para trabalhos de consolidação e embelezamento, esperando-se a sua reabertura definitiva quando for assinado o protocolo com o Governo que transfere a sua posse jurídica para a Câmara Municipal.

Os Franciscanos instalam-se em Santarém em 1240, fruto da sua expansão pela Europa e, por consequência, em Portugal. O seu modo de vida despojado serviria de modelo à pregação das boas práticas cristãs. Instalando-se numa área periférica da vila medieval, reuniam assim condições para levar a efeito os seus objectivos predicatórios junto da população.

O Convento foi mandado construir no reinado de D. Sancho II, cerca de 1242. Ao longo de oito séculos de existência, constata-se que o complexo monacal nunca foi considerado terminado. Após a fundação da igreja e sala do capítulo, por ventura os primeiros elementos a serem construídos, até ao abandono da função monástica, nos inícios do século XIX, o conjunto sofreram várias campanhas de obras.

No século XVI o convento serve de hospital da Ordem e em meados do século XVII a população ascenderia a sessenta monges. Cedo o Convento afirma a sua importância junto da comunidade como parece evidenciar a construção de um alpendre no adro da igreja, ainda no final do século XIII, para albergar a população que afluía à igreja ou para a realização de actos públicos, como a reunião das cortes de 1477.

Após a extinção das ordens religiosas em 1834, o monumento recebe a cavalaria passando no século XX a integrar a Escola Prática de Cavalaria. Em 1917 o complexo arquitectónico é classificado como Monumento Nacional, tendo-se iniciado na década de 40 intermináveis obras de recuperação da responsabilidade da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais. Aqui foi D. João II proclamado rei em 1447. Ao seu claustro e estrutura espacial góticos juntam-se os elementos dos sécs. XV e XVI, designadamente os três portais manuelinos. O seu pórtico principal insere-se nos figurinos do mosteiro da Batalha, bem como o túmulo de D. Duarte de Menezes.
As escavações arqueológicas realizadas na década de 90 colocaram em evidência uma série de sepulturas escavadas na rocha tanto na nave central da igreja como nas capelas laterais, na zona do adro e vários silos de Época Islâmica anteriores ao próprio Convento.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Praia fluvial de Valhelhas (Guarda)






Aqui, na região da Beira Interior, junto à Serra da Estrela, sente-se que a natureza fervilha, pois encontra-se em estado puro.

Graças ao trabalho desenvolvido, a Praia Fluvial de Valhelhas possui infraestruturas de excelência, como um posto de primeiros socorros, bar, chuveiros, áreas de jogos, de merendas, churrascos , local destinado a pequenas embarcações e uma zona de estacionamento reservada especificamente para utentes com mobilidade reduzida, estendendo-se por 16 hectares.
A distinção atribuída pela Associação Bandeira Azul da Europa premeia o cumprimento de um conjunto de critérios de natureza ambiental, de segurança e conforto dos utentes e de informação e sensibilização ambiental. A Bandeira Azul, distinção máxima em termos de qualidade da água para um rio, o Zêzere, muito afectado pela poluição humana, no passado. O rio Zêzere é o principal curso de água de Valhelhas e um imprescindível meio para manter as culturas agrícolas marginais, através da rega distribuída por levadas que conduzem as águas desde os açudes que estratégicamente são feitos em diversos pontos do rio.

Nesta freguesia, realce também para uma ponte filipina de quatro arcos a ser actualmente restaurada.

sábado, 15 de agosto de 2009

Convento do Bom Jesus de Valverde (Évora)



A diocese eborense, ou Mitra de Évora, instituiu no início do séc. XVI, perto da ribeira de Valverde, uma quinta com paço episcopal. Terá sido o Infante Dom Henrique, primeiro arcebispo de Évora e futuro cardeal, quem fundou nos terrenos da quinta um convento de frades capuchos, da invocação do Bom Jesus, cuja comunidade aí se instalou em 1517.
A cúpula central ergue-se sobre um tambor muito elevado, rasgado por oito janelas. Destaca-se a notável igreja renascentista de planta centralizada, outrora decorada com retábulos atribuídos a Gregório Lopes e o claustro de planta quadrada com arcarias redondas e colunas de ordem toscana no piso inferior.
Na área do horto, também conhecido por "Jardim de Jericó", conservam-se várias estruturas hidráulicas construídas entre os séculos XVI e XVIII, de que se destacam pela sua monumentalidade o aqueduto, a "Casa da Água" (poço-cisterna) e o tanque circular também chamado dos Cardeais.
Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, todo o conjunto acabou por ficar na posse do Estado, que aí instalou um Posto Agrário, mais tarde a Escola Prática de Agricultura, a depois ainda a Escola de Regentes Agrícolas. Actualmente, o Colégio da Mitra e o do Bom Jesus de Valverde constituem, com a Herdade Experimental da Mitra e o seu complexo habitacional, o Polo da Mitra da Universidade de Évora, onde funcionam departamentos de Ciências Agrárias e Biologia e serviços de apoio, incluindo uma herdade experimental.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mosteiro Santa Clara-a-Velha (Coimbra)




Na margem esquerda do Mondego em frente à cidade de Coimbra, mandou D. Isabel de Aragão, em 1314, erguer o mosteiro de Santa Clara, no local do primitivo núcleo de monjas clarissas fundado em 1283 por D. Mor Dias.

Dada a proximidade do rio Mondego, a história deste espaço foi desde logo moldada pela invasão das águas. A primeira inundação ocorreu no ano seguinte ao da sagração, e a partir daí as repetidas cheias do rio provocaram o progressivo assoreamento do mosteiro, e determinaram algumas transformações no edifício. No século XVI, o claustro estava já permanentemente alagado de Inverno e de Verão.
Em 1677 dá-se a inevitável transferência da comunidade para o mosteiro de Santa Clara-a-Nova, construído mais acima, no Monte da Esperança, razão porque passou este a ser conhecido por Santa Clara-a-Velha. Este abandono e a imersão nos sedimentos e águas, ao causar o desmoronamento e ruína da estrutura claustral, permitiu também que a parte inferior se mantivesse inalterada durante os séculos seguintes, sem intervenções e acrescentos estilísticos posteriores.
Entre 1995 e 1999 procedeu-se a uma vasta campanha arqueológica, rebaixando-se o nível freático, através do bombeamento permanente das águas, para permitir uma escavação mais próxima do ambiente "seco", e que levou à desobstrução da igreja e do claustro até à cota do pavimento, pondo a descoberto as estruturas arquitectónicas até então enterradas e submersas, contribuindo com novos dados para a história da arte e da arquitectura portuguesas.

No fim de Abril deste ano, o Mosteiro reabriu ao público após um encerramento de 12 anos para a realização de obras de recuperação que custaram 25 milhões de euros, incluindo o isolamento da área das águas subterrâneas provenientes do Mondego, através de um complexo projecto de engenharia.
Os visitantes podem usufruir de um centro interpretativo, de áudio-guias e de diversos dispositivos multimédia para melhor conhecer a história do edifício e do processo de reabilitação. Concebido para o público e investigadores, o centro interpretativo consiste num edifício de mil metros quadrados, com funções museológicas, dotado de um auditório, salas de exposições, uma loja e uma cafetaria voltada para o monumento, num espaço onde o elemento água está sempre presente.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quinta da Bacalhôa ( V. F. Azeitão)



A denominação tradicional desta quinta, situada em Azeitão, deve-se possivelmente à alcunha de "Bacalhau" que tinha D. Jerónimo Manuel, Capitão-Mor das naves da carreira da Índia, marido de D. Maria de Mendonça e Albuquerque, herdeira da Quinta da Bacalhoa, que foi pertença de Afonso de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia com o mesmo nome.
Foi, ainda, por mais de 500 anos, a Quinta e o Palácio da Bacalhôa um nobre domínio: primeiro na posse dos infantes da Dinastia de Aviz e posteriormente na de Afonso Brás de Albuquerque, ou Afonso de Albuquerque, filho. Porém, após a morte deste notável fidalgo, o domínio sofreu um percurso acidentado e por vezes degradante.

O Palácio e a Quinta da Bacalhôa formam só por si um monumento artístico da mais alta significação em Portugal. Foi o inicio de uma grande revolução artística chamada a Renascença. Impunham-se regras de simetria e ordem, subordinava-se o traçado do edifício a um todo homogéneo, formando como o homem, um ser único e simétrico nas suas partes. A Bacalhôa será talvez a edificação, em que se estreou em Portugal o estilo arquitectónico da Renascença, uma estreia de transição mas que também não obedece a um estilo puro.

Os seus vinhos, o Quinta da Bacalhôa e o Palácio da Bacalhôa, são dos mais famosos de Portugal. Relatos hoje históricos falavam sempre de vinhas na Quinta.
As condições edafoclimáticas da Quinta, a sua exposição suave a Norte e os seus solos, permitem uma maturação longa e completa das duas castas. Estas condições especiais marcam e personalizam o vinho aí produzido. A primeira colheita é o 1979 e logo foi considerado um dos melhores vinhos de Portugal. Desde então todos os anos é lançado um novo Quinta da Bacalhôa. Em 2000 é lançado pela primeira vez uma nova marca da Quinta, o Palácio da Bacalhôa, um “1º vinho” da propriedade que será produzido só nas melhores colheitas.

Os seus jardins e o engenhoso sistema hidráulico que os alimentavam são dos mais notáveis de Portugal. No plano estético representam um compromisso entre o gosto renascentista e a tradição portuguesa