terça-feira, 22 de setembro de 2009

Palhota (Cartaxo)



No início do século XX e até aos anos 1960, vários pescadores de Vieira de Leiria e de Aveiro - que protagonizaram o último grande movimento migratório em Portugal - desceram até às margens dos rios Tejo e Sado, na tentativa de encontrar melhores condições de pesca e mais oportunidades. Os avieiros, rejeitados inicialmente pela população local que lhes chamava "ciganos do rio", viviam nos seus próprios barcos, até que, à medida que se iam integrando, começaram a construir pequenas habitações.
As casas típicas dos avieiros eram construídas em madeira e palafita, um material que impede as construções de serem arrastadas pelas correntes do rio. As estacas que já usavam nas dunas junto ao mar e que impediam que a areia lhes entrasse em casa, eram agora a salvação contra as cheias do Tejo, que nessa época era um «jardim de peixe». Estas casas têm todas o mesmo tipo de construção e a mesma organização interior: o primeiro andar tem a sala à entrada e dois quartos ao lado. A cozinha fica em baixo ou em frente, do outro lado da rua.

Nesta aldeia chegou a viver Alves Redol, um grande escritor português que muito escreveu acerca do Tejo e das suas gentes. A aldeia está quase deserta e muitas das casas típicas que ainda sobram estão em mau estado e a precisar de obras de conservação. A Palhota é uma das 14 comunidades avieiras, existentes entre a Chamusca e Grândola, onde se fixaram populações piscatórias.

Imperdível é mesmo o espectáculo do pôr do Sol à beira-Tejo, com os barcos pintados de cores garridas encalhados no areal e as cegonhas, garças e outras aves a regressar em bandos aos respectivos abrigos.

O acesso pode fazer-se a partir das estações ferroviárias da Azambuja ou do vale de Santarém.

10 comentários:

Francisco José Rito disse...

Em Vila Franca de Xira ainda existem muitas famílias de Avieiros que foram da minha terra para trabalhar no Tejo e que por lá ficaram. Conheço algumas dessas casas tão bem como a minha. Este teu blog é de um interesse extraordinário. Quem te vê por aí, não imagina :-)
Abraço

Unknown disse...

Olá,
Como já te informei na semana passada, acabamos de lançar minube.pt em Portugal. Envio-te este mail porque temos uma opção em minube que é ser "evangelizador". Isto significa que, ao criares conteúdo no site, podes gerar lucros. Obviamente só contactamos para este grupo viajantes que conheçam um elevado número de países e possam aportar muito conteúdo e imagens sobre os mesmos. Se te interessa visita a página http://www.minube.pt/evangelizadores onde poderás encontrar um questionário como modo de candidatura.

Cumprimentos e Boas viagens!

Teresa Diniz disse...

Olá Dylan
Muito interessante, como sempre. Só espero que haja preservação do espaço e um turismo sustentável, coisas que não abundam por aí.

S.Y.Rodrigues - disse...

Engraçado, de facto desconhecia plenamente da existência dessa aldeia! Parece ser encantadora, adorava ir lá dar um saltinho e provavelmente vou! Espero que a situação dessa aldeia se desenrole no bom sentido!

Blondewithaphd disse...

Lembro-me de ver avieiros em Vila Franca há muitos anos. Lembro-me de ler Alves Redol (quando andava a aprender esta língua) e gostar imenso daquela ruralidade que invadia as páginas. Hoje, hoje lembro-me que fazem falta blogs sobre este país! Muito bom!

Laurus nobilis disse...

A zona é linda! Ainda bem que vão investir para a preservar! Digo preservar... e não, estragar!!!

Vicktor Reis disse...

Amigo Dylan

Os teus blogues são um mundo a explorar tão belos textos e imagens apresentas.

Continuarei a vir por cá para conhecer omportantes aspectos do nosso património imaterial.

Um abraço.

Elena disse...

Super interesante este post.En Portugal hay verdaderas joyas, que para la inmensa mayoria son desconocidas.
Saludos desde Faro.

Maria Ribeiro disse...

DYLAN:é linda essa região, sim senhor!Estive a dar aulas no CARTAXO e no liceu de ALMEIRIM e tive a sorte de conhecer a bela região de que , hoje, falas.Não a aldeia em si, mas toda a região. Fazíamos picnics com os alunos, nas línguas de areia do Tejo...
BEIJO DE LUSIBERO

Vasco Miguel Casimiro disse...

Muito obrigado por publicitar este tesouro à beira do Tejo e do concelho do Cartaxo.

Cumprimentos,

Vasco Miguel Casimiro