domingo, 13 de setembro de 2009

Calçada de Alpajares (Freixo de Espada-à-Cinta)



Classificada em 1977 como "Imóvel de Interesse Público", a "Calçada de Alpajares", ou "Calçada dos Mouros", como será mais conhecida localmente, integrava a via romana de carácter secundário que atravessava o rio Douro (nas imediações da localidade de Barca de Alva) e a ribeira do Mosteiro, até chegar ao planalto mirandês. Actualmente, remanescem apenas alguns dos seus troços originais, visíveis perto da convergência das ribeiras da Brita e do Mosteiro, a partir da qual se prolonga pela encosta de Alpajares de forma ziguezagueante, até chegar ao muralhado do povoado de São Paulo, edificado na Idade do Ferro no cimo de um espigão sobranceiro àquelas mesmas ribeiras, com testemunhos ocupacionais dos períodos romano e medieval. E terá sido, na verdade, a excelente implantação estratégica deste Castro que subjazeu à sua eleição por parte do poder romano, que assim fez confluir para a sua fortificação a calçada, tão necessária a uma célere movimentação dos seus diversos elementos constituintes.
Estruturada ao longo de cerca de oitocentos metros em lajes afeiçoadas em xisto e seixos de pequena dimensão, a calçada possui degraus intercalados com certa regularidade, entre três a quatro metros, apresentando-se, ainda, reforçada com uma parede lateral na zona em que o declive da encosta se revela mais acentuado, designadamente nas curvas do traçado da via, que, tal como sucedeu com o Castro (vide supra), acabaria por ser reutilizado ao longo dos tempos, a atestar, no fundo, a pertinência da sua localização e a relativa abundância de recursos naturais imprescindíveis à normal subsistência das comunidades humanas de modo, mais ou menos, ininterrupto.

Diz a lenda que "em tempos antigos era tudo por este sítios barrancos e precipícios medonhos, um cavaleiro vindo dos lados de Barca d'Alva em noite de tempestade, chegou à margem da Ribeira do Mosteiro que ia de mar a monte. Dada a necessidade impiedosa de atravessar o bravo curso de água, pois tinha a sua amada à espera, suspirou aflito: Valha-me Deus ou o Diabo. Foi Satanás que apareceu ao chamamento e disse: Se me deres a tua alma, antes que o galo preto cante, te darei uma ponte e uma estrada para que possas seguir a tua cavalgada sem perigo. O Cavaleiro aceitou e o infernal pedreiro e seus acólitos atarefaram-se na arrojada construção de uma calçada entre os fraguedos, distribuindo 18 elegantes lancetes em gogos da ribeira, ao som estridentes cantares de Bruxas que no terreiro se reuniram para festejar a conquista de mais uma alma. Eis que canta o galo três vezes quando apenas faltava colocar as duas últimas pedras da ponte. O cavaleiro liberto do seu compromisso prosseguido a sua viagem e o Diabo enraivecido, desapareceu com os seus acólitos através de uma bocarra que se abriu entre os penhascos".

Percurso Ribeira do Mosteiro – Calçada de Alpajares
Freguesia de Poiares (Freixo de Espada-à-Cinta)
Extensão aproximada: 7 Km
Duração aproximada: 5 h
Grau de dificuldade: Médio (max: 18º)
Tipo de itinerário: Circular
Ponto de partida / chegada: Foz da Ribeira do Mosteiro.
Apoios: percurso sinalizado com marcas, presença de placards interpretativos
Pontos de interesse: Património geológico (dobras, camadas verticais e falhas nos quartzitos), património arqueológico (Calçada de Alpajares e castros de São Paulito e de Alva), fauna e flora rupícolas, moinhos de água abandonados, pombais, parcelas agrícolas mediterrâneas (amendoais, laranjais e olivais), casario tradicional em Poiares, estação ferroviária de Barca de Alva.

9 comentários:

  1. Muito interessante. Digo sempre que gastamos rios de dinheiro para ir de ferias para fora, com tanta coisa bonita em Portugal e que a mioria nem ouviu falar sequer.
    Abraco

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  2. Obrigado pela visita, vamos manter contato!
    Anselmo – Minerva Pop - Brasil

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  3. Dylan que passeio interessante.
    Especialmente os burros, adoro burros. Sabes quando eu conseguir ir viver para o Alentejo tenho o sonho de ter um burrito lindo.

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  4. Agora que estou a ficar pro em caminhadas devia aventurar-me num sítio assim :-)

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  5. Un pareje magnifico para prácticar senderismo.De nuevo interesante leyenda en la que el diablo es el protagonista vencido.Como siempre leer tus post me hace conocer más a mi querido Portugal.
    Los burritos hacen aún más atractivo el paseo por estos bellos lugares!!No sé si sabes que en Málaga,hay un pueblecito precioso llamado Mijas, en que los burros son emblemáticos. Incluso puedes disfrutar de un paseo por el pueblo
    subido a uno de estos entrañables animales.Uno de estos días hago un post, ya lo veras! Beijinhos.

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  6. Muy bueno tu blog Dylan!. Y me gusta mucho el idioma portugués, así que intentaré leerlo bien.
    Muchas gracias.
    Me haré miembro y te invito a hacerte miembro en el mío.
    Un gran abrazo desde Argentina.
    Norber.

    www.viajeroliterario.blogspot.com

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  7. LINDO, como sempre,Dylan!Os nossos monumentos, feitos todos nas épocas em que o homem tinha uma visão dualística da vida, com as perspectivas do BEM e do MAL, são maravilhas das quais nos orgulhamos! Todos gostamos de ter qualquer coisa histórica, na nossa terra! Não conheço este lindo "passeio" que tu aconselhas, mas no inverno, que é quando eu gosto de passear, estou a tirar notas dos lugares que recomendas, sempre acompanhados de História, que os justifica e enriquece
    OBRIGADA PELAS TUAS PALAVRAS, NO CIRRUS e pelo teu doce "
    BEIJITO DE LUSIBEROpresente"

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  8. eu nasie na vila de poiares no ano1957 mas imigrei en franca en 1968 este ano un culega levaume a calcada eu fiqueie ademirado que coisa tao maravilha
    bale a pena de dar un passeio photos a ver photos panoramio poiares prolot

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  9. a video ma motra a realidade e uma video para os turistas na realidade a calcada ista a metade destruida pelo tempo se nada e feito a calcada vai desaparesser e un bucado de tras os montes que vai desaparesser a calcada faz parte du parc regional i ista nas terras de poiares i nao de freixo de espada a cinta mas bale a pena de a compor porque nos devemos deichar os nossus filhos a memoria dos nossus antigos avos e o nosso dever pesso desculpa se escrevo mal o portugues

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